sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Você merece o melhor

Eu sei, mas parece que a publicidade não.
Despejei minha indignação lá no Primeira Fonte.
E que alguém nos salve dos príncipes encantados, pelamor.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012



Ganhei de presente.
Ego is a bitch.
Yes, I'm so vain and I think this song is about me.

sábado, 17 de novembro de 2012


Os últimos tempos foram tão, tão intensos que não sobrou fôlego para escrever. E tudo que tenho sentido não encontra expressão em palavras, o que me frustra, porque eu queria um registro escrito da felicidade, da dúvida, dos conflitos, dos arrependimentos e consertos deles, da selva de ideias e do dilúvio de lágrimas, de alegria e de tristeza, andei descompensada até fisicamente, meus hormônios todos enlouqueceram, literalmente, eu sou um case report médico, e no entanto não tenho sintoma algum do que deveria virar meu mundo do avesso. Eu sinto tão fundo que desordeno até as minhas moléculas mas ainda assim vale tanto a pena que sigo andando, keep walking, agora acho que sei para onde, eu pulei em muito avião, barco, ônibus, metrô e táxi, dormi em muitas camas diferentes de hotéis, andei a pé até não poder mais, vi, senti, respirei o mundo, deixei um pouco de mim em várias paragens, paisagens, quebrei paradigmas, experimentei, tirei a prova, a única coisa que não me abandonou ainda foi a nostalgia.

Hoje eu sei que ela aí está porque tudo que vivi deixou tantas marcas tão profundas de tão intenso que de vez em quando elas se manifestam. E tem a nostalgia do que eu não vivi, essa ainda mais incompreensível, mas quando me entrego a ela é fascinante. Aliás soltei as amarras, cortei o cordão umbilical, pus para fora os monstros do meu porão para arejar, tossi durante semanas expulsando tudo que me fez mal por anos.

Mas obviamente para tudo há um preço. O preço que eu pago por sentir tanto é a minha frustração de não ser mais de uma, porque dentro de mim existem múltiplas, cada uma querendo viver uma vida diferente. Mas só dá para viver uma de cada vez. Misturar dá muito trabalho, é muito arriscado e posso acabar nem sabendo mais qual sou eu de verdade. Então fiz minha opção, mas ainda tenho dentro de mim todas as outras, as que vivem suas vidas lá nesse outro lugar para onde eu vou às vezes sem sair daqui. Foi o meio que achei de açambarcar a vida que veio em enxurrada, eu que já tinha vivido tanto aos goles.

Eu cultivo tudo que me faz bem, sem nenhuma restrição. No momento em que paramos de viver para os "outros" tudo parece acontecer como que por mágica. É só isso mesmo, ir vivendo o que quero, fazendo o que eu quero na hora que me dá na telha, falando o que eu quiser para quem eu bem entender, e sabendo que tudo tem suas consequências, mas estou preparada para elas.

Acho que cresci uns cem anos.

sábado, 3 de novembro de 2012

Intraduzível


Que eu sou alienada acho que já deu para notar, não falo de atualidades, só de banalidades. E aqui vão mais algumas, mas antes tenho a declarar a meu favor que falei dos índios, já que está todo mundo com comichão por esse assunto, mas foi lá no Primeira Fonte e já faz um tempo.

Isso posto, agora quero falar as minhas banalidades em homenagem a uma pessoa nada banal, minha amiga Eva que está tendo the experience of a lifetime no país estranho que também teve índios polêmicos, porém não tão dramáticos. Ela, perfeccionista que é, todos os dias se degladia com a ausência das palavras para se comunicar como gostaria.

Eu já fui jovem como ela (faz tempo) e uma das vantagens da maturidade (não existe a palavra velhice) é entender como funcionam certas coisas. Eu estudo, trabalho, leio, respiro em outra língua todos os dias. É minha profissão e me agrada. Como já fui professora e estudante, sei exatamente como funciona o processo de aquisição de uma outra língua. Até chegar o momento do clique, que eu sabia identificar nos meus alunos, a gente sofre tentando pelo menos se fazer entender. Depois do clique (que a Eva já teve) pensamos na outra língua, daí o google translator que trazemos embutido no cérebro e é isso mesmo, um google translator que só atrapalha, para de funcionar. Pronto, a mágica está feita, e aí a gente estuda mais um pouco e faz aí uns testes para ter um papel que comprove que sim, oficialmente você fala aquela língua.

Lindo, mas falar uma língua, por mais perfeição, fluência e proeficiência que se tenha, não significa SENTIR nessa língua. Não estou falando aqui de cultura, que também se adquire, mesmo sem saber a língua, mas sim de uma coisa além disso.

Eu sempre achei um mistério casar com alguém que não tivesse a mesma língua materna. Quando digo casar, digo relacionamento a longo prazo, é só uma denominação, porque todo mundo sabe que a curto e curtíssimo prazo nem precisa de muita falação. Mas realmente ter um relacionamento romântico com alguém que não fala na mesma língua que a gente é, pra dizer o mínimo, cansativo. Obviamente existem inúmeros casamentos assim que dão certo, estou falando só da minha modesta opinião.

Quem pôs isso muito bem foi uma outra amiga sabida que eu tenho, a Gi, que teve experiência bem-sucedida no assunto mas disse: "Precisamos de alguém que entenda a meia-piada". E vamos combinar que meia-piada só na língua materna.

Namorar alguém em outra língua é mais fácil para quem fala menos e não é tão verborrágica como eu, porque na verdade o que fez toda difereça na minha escolha de vida acabou não sendo o príncipe encantado, o bonito, o inteligente, o isso ou aquilo, não que tudo isso não conte, com exceção do príncipe encantado que está mais extinto que dinossauro, o resto vale, mas o que me ganha mesmo é uma boa conversa. Em português. Primeiro, porque quem pode se comunicar em uma língua onde não existe o conceito de SAUDADE? Ahn? E ser e estar se comunica com o mesmo verbo? Ahn? Oceanos de diferença entre ser alguma coisa e estar alguma coisa. E como trocar referências com alguém que não sabe o que é Caetano, Gil, Chico, Titãs, Cazuza, Sidney Magal? E o que a gente diz quando só um sonoro PQP traduz o momento? Shit? Não chega nem perto. E as nuances de sotaque (eu sei, toda língua tem, mas a nossa é mais legal)? E como é que se explica que eu não sou a Pocahontas?

Difícil. Por mais boa vontade que os príncipes internacionais tenham - e têm - acabam sempre virando sapões. Ou talvez seja só eu, que não sou princesa nem nada, porque muitas amam seus faladores de outras línguas e vão muito bem, obrigada.

Até a Bíblia categorizou isso como maldição... Impediu a gente até de chegar ao céu... Pura falta de comunicação.

O amor pode ser universal, mas algumas formas de amor para algumas amadas e amadoras são muito, muito particulares. E monolíngues.