sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Adeus


O que dizer? O que dizer depois que se vive a fúria dos elementos, a aurora boreal, os píncaros e as grutas, quando se atinge a capacidade máxima do sentir - e depois, eu já fiz essa pergunta por aqui algumas vezes - para onde foi tudo isso?

Aquele olhar para alguém como se um dia a gente olhasse no espelho e visse um rosto totalmente diferente - sou eu, sim, mas que rosto é esse? De quem são esses gestos? Por que meu coração agora bate em outro ritmo, para onde foi o descompasso?

Enquanto havia tempestades e maremotos eu sabia que ainda não era o fim. Com todos os fins de mundo que temos pendentes ultimamente, quem diria, o fim veio manso, aos poucos, se insinuou, insidioso, naquela poeira que foi caindo despercebida e quando eu vi - soterrou tudo em camadas ante-paleolíticas. Talvez todos tenhamos um limite, e depois que ele é atingido, tem um vácuo até que a gente perceba, tipo o alarme demora um tempo para soar.

Muita lágrima caiu. Mas há lágrimas e lágrimas. Essas mansas eu não conhecia. Não são catárticas, porque essas são as outras que as precedem, essas dizem - fim. Eu como sempre, fui lenta na decisão, vai, fica, volta, vem, fechei os olhos, mas em um determinado momento a vida toma as providências que têm que ser tomadas, e agradeço a gentileza - as providências tomadas vieram com suavidade. Então a gente faz o que tem que ser feito, chora, né, porque é pra isso que tem lágrima, e depois faz o mais difícil - continua fazendo o que foi feito - sem olhar para trás. Pode olhar para os lados, para trás nunca. 
Se não faz sentido, discorde comigoNão é nada demais, são águas passadasEscolha uma estradaE não olhe, não olhe prá trásCapital Inicial
E a pergunta original - para onde foi tudo aquilo? Acho que transmutamos o que sentimos, é o material de que somos feitos, sentimentos vividos, sofridos, espremidos até o fim, que vão tecendo o que vamos nos tornando, vão dando forma aos nossos rostos, rugas, marcas de tanto sorrir, de tanto chorar, de tanto viver.

Do que ainda me orgulho é de ter ido lá conferir - não tenho medinho, que venham mais insanidades, estou quase chegando à perfeição.

A você que me acompanhou nesse trecho tão intenso da minha vida, todo meu amor, aquele que foi sei lá pra onde, tem agora sei lá que cara, mas fizemos nossa parte de viver a epifania de sentir como se não houvesse amanhã. Só que o mundo sempre nos decepciona e nunca acaba.