sábado, 31 de agosto de 2013
Porta
Estou a um dia de viver há exatas X voltas do sol ao redor da Terra com uma porta semi-aberta.
Essa porta, uma vez aberta, andou com o vento, quase fechou, bateu, rangeu, emperrou, empenou, descascou a pintura, escancarou, deixou passar fantasmas, dor, alegria, mas acima de tudo foi a porta que me abriu para dentro de mim mesma.
A única coisa que eu não consegui fazer foi fechar e passar a chave.
Hoje eu tenho a sensação que a chave está na minha mão e vejo que a frestinha aberta diminui cada vez mais. Todo mundo sabe que eu odeio o Gregório e o calendário dele, mas só para calar a minha boca provavelmente vai ser o famigerado marcador aleatório de tempo que vai determinar o dia em que eu finalmente vou trancar essa porta para sempre.
Haverá janelas que se abrirão, com certeza. Mas essa porta me parece que vai ficar selada eternidade afora. É estranho. Mas por incrível que pareça, uma porta fechada pode ser o caminho mais aberto a que se chega por toda uma vida.
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