terça-feira, 24 de março de 2015

Thanks, but no thanks.


Eu sei. Acreditem, por favor. Eu sei. Eu tenho pavor de parecer ingrata, porque são tantas as mãos que se estendem quando preciso, que ao me recolher, parece que estou recusando a boa vontade que tanto agradeço e preciso.

Eu sei que o inferno está pavimentado de boas intenções, mas não é o caso das boas intenções que caem no meu colo. Eu recebo boas intenções de verdade.

Passamos por coisas que, apesar de sabermos como são, como se desenrolam, têm todo um processo que todo mundo sabe que existe e ninguém queria, mas tem que acontecer.

Meu coração dói. Muito. Já aconteceu dezenas de vezes pelo mesmo motivo, e agora finalmente, chegou a hora de mudar isso. Sim, eu sei que passa. Eu sei que é difícil. Eu sei que eu não posso me isolar. Eu sei que não deveria dizer isso ou aquilo. Eu sei que não deveria fazer isso ou deveria fazer aquilo. Eu sei que não estava vendo. Mas agora eu estou.

Resolver a vida alheia é muito fácil. E aqui não está implícita nenhuma crítica. Qualquer um que olha de fora o problema de outro vê a solução porque não está enfronhado nele. Se tiver boa intenção, sugere a solução. Eu já ouvi centenas de vezes as mesmas soluções. E são as corretas. Todo mundo tem razão. Todo mundo fala com a melhor de todas as intenções porque não quer me ver sofrer.

Eu agradeço, de verdade e de todo coração, mas não adianta nada. Eu já sei. Tudinho. Eu já sei a solução, eu já sei as causas, eu já sei as consequências. E nada disso muda uma vírgula no que eu sinto. Eu não sou estúpida e não tenho mais 20 anos há muito tempo. Eu sei. Poderia estar cega em alguns momentos, mas garanto que não estou mais.

E ainda assim, a dor é a mesma. O coração não está nem aí para o que foi racionalizado, compreendido e decidido. Ele quer outra coisa. E quer agora. Como não é possível, ele devolve com a dor de cem facas cravadas por todos os lados no peito. É uma dor viscosa, pesada, intensa quanto pode ser, profunda, abissal. Nada que se diga a respeito a ameniza. pelo contrário, quanto mais eu ouço, mais facas são cravadas no peito.

Se eu não pedir seu conselho, sua opinião, seu veredito, sua sugestão, por favor não me dê. E não me chame de ingrata, não é ingratidão, eu garanto. Eu agradeço e me emociono com a preocupação com meu bem estar. Mas é pior. Me deixe com a minha dor. Eu preciso esgotar, drenar, moer o coração, deixar que se estilhace uma, duas, cem vezes. Nunca mais ele vai ser o mesmo. Nun-ca-ma-is. A escolha é minha, a dor é minha, respeite.

2 comentários:

Isa disse...

é muito, muito isso... <3

flordelis disse...

Ainda bem que como você muitos sabem. <3