quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Nostalgia



Eu não sangro mais. Mas é por opção. Meus hormônios ainda têm níveis que poderiam me causar surpresas se eu deixasse. No entanto, tenho todos os sintomas de quem sangra. Eu menstruo em branco, mas em ciclos sou lembrada da condição feminina. E cada ciclo me surpreende de um jeito, Já cheguei a ter zero de testosterona, e meus médicos estupefatos com a minha ausência de sintomas. Este ciclo atual me jogou na cara a nostalgia, E então eu choro pelo que não foi,

Eu tomei decisões importantes nos últimos tempos, e elas são definitivas até onde o conceito de "definitivo" se aplica. Em geral são os cheiros que despertam nossas lembranças mas meu gatilho hoje foi um som, que me lembrou de outros tempos, não muito distantes, em que eu estava tentando saber o que queria antes de querer alguma coisa.

E foi só isso mesmo - nostalgia, o momento passou pela janela uma, duas, várias vezes, e por mais que eu tentasse voltar ao trabalho, as lágrimas já tinham começado a jorrar (hormônios em polvorosa = lágrimas). E não foi nada não, nenhum fator alterador de decisões, nenhum sinal dos céus ou dos infernos, nada a lamentar, apenas a nostalgia do momento passado. E a emoção de viver novamente.

O melhor de tudo foi poder compartilhar o momento. E lá do outro lado do mundo onde faz frio e onde está escuro e solitário, uma outra alma sorriu ao mesmo tempo ao lembrar do mesmo exato ponto no tempo passado. E não doeu para ninguém, não mudou a taxa do dólar nem decisão nenhuma, não contribuiu para o aquecimento global e nem trouxe a paz ao mundo. Foi só um momento compartilhado. E foi, como disse a outra parte, "sweet".

Decididamente as mulheres são seres hormonais que pensam e registram coisas que deveriam ficar no limbo. Mas é cor de rosa choque, não provoque não.

A outra música, a que está aí em cima, não foi o trigger da nostalgia, mas não poderia ser mais perfeita para a ocasião.