terça-feira, 29 de maio de 2012

É chegada a hora


Quando a gente não sabe o que decidir e fica se martirizando, elucubrando nos prós e contras, pesando isso e aquilo, é exaustivo. Usar o racional é queimar neurônios. Querer racionalizar sentimento é perda de tempo.

Mas quando a gente já sabe o que tem que fazer e não tem coragem, por uma nostalgia boba que ainda vai vir do que ainda não acabou de acontecer, é pior ainda. Porque é burrice. O coração é burro.

Há que se desligar os aparelhos que mantém o amor desenganado respirando. Para que no quarto ao lado seja dado outro à luz.

domingo, 27 de maio de 2012


Eu nem sei dizer por quanto tempo tenho vivido com tanta intensidade que a médica diagnosticou que eu sou magra por auto-consumação. Eu já havia percebido que não conseguiria nunca mais viver como zumbi que fui durante tanto tempo, mas não pensei que sem artifícios discutíveis, como por exemplo, álcool, drogas, e coisas do tipo, eu conseguiria sentir tão intensamente. Ser capaz disso é ao mesmo tempo extraordinariamente excitante como profundamente desgastante. Eu estou exausta. Não de viver, mas de viver TANTO.

Mas existe a vida - não vou dizer real porque teria que entrar em uma discussão longa sobre qual é a vida real, então digamos, a civil. A gente vive em sociedade e por menos que goste e por mais que consiga driblar tem regras a cumprir. Trabalhamos, pomos as máscaras todas as manhãs, vamos vivendo com elas ao longo do dia e caímos no abençoado intervalo do sono sem o qual eu já teria explodido de tanta vida de olhos abertos.

Então eu vivo. Jamais me senti tão viva como nos últimos tempos, e a vida vai se acumulando e transbordando,   saindo pelos olhos, pelos poros, deixando a sensação de excesso de cafeína ou o barato do açúcar em criança. Esses são os picos. Os vales também são profundos, porque a minha capacidade de sofrer também é de matar, poderia explodir disso também.

Há alguns inconvenientes porque acabamos, com uma vida dessas, ficando mal-acostumados. E quando não há fogos de artifício - sim, porque eles não explodem o tempo todo - achamos que estamos perdendo algo. Eu ando me perguntando para onde foram algumas coisas que eu sentia com tanta intensidade que até doíam. E começo a perseguir novidades que provavelmente vão acabar no mesmo caminho.

Eu tenho muita coisa acontecendo ao mesmo tempo agora. Talvez quando as partes práticas se resolverem - porque elas se resolvem, por mais drama que eu tente fazer, acabou a graça, porque tudo passa, tudo se resolve, eu faça a minha escolha finalmente. Eu já não tenho idade para tanta intensidade, meu coração me pede encarecidamente pra sossegar. Obviamente não vou fazer isso, mas tenho que achar o equilíbrio, parar de tentar querer tudo porque a mãe dos clichês é que a vida é feita de escolhas. E é mesmo. E a avó dos clichês é que tudo passa. E passa mesmo. Mas a gente tem que trilhar o caminho para descobrir. Como trilhamos é que é a escolha. Vamos ver se meu coração aguenta mais muitos anos de insanity, porque a outra opção vai acabar me matando cedo demais.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Diálogo rápido


A música começa a tocar no piano em alto-mar.
Os primeiros acordes coincidem com as primeiras lágrimas.
Ele diz - o que foi?
Eu digo - nada.
 - você está chorando?
 - estou.
 - por que?
 - por causa da música.
 - mas por que? te lembra alguma coisa?
 - não, absolutamente nada aconteceu comigo ao som dessa música, nem bom nem ruim.
 - então por que está chorando?
 - porque ela toca na minha alma.
E o pior é que eu não me lembro que música é.
Mas nem por isso da próxima vez ela vai deixar de tocar na minha alma de novo. Que bom, porque vai ser uma surpresa.

Para não dizer que não falei de flores


Estou falando delas lá no Primeira Fonte hoje. Mas tenho mais a dizer, depois venho aqui contar os detalhes. Há tanto mais a dizer.

quinta-feira, 17 de maio de 2012


Todo mundo reclama do frio. Os meus comentários hoje estão no Primeira Fonte.
E você, já provou da romã? 
Até Hades convenceu Perséfone com ela...

sábado, 12 de maio de 2012

Para hoje não temos arrebatamentos



Essa é bem velha. E até um pouco breguinha. Mas tem coisa que encaixa tão perfeitamente que não interessam os detalhes. Há muito, muito tempo eu não vivia a aventura em um mar tão calmo. Os mares calmos também têm seu appeal. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Datas, Lugares, Sentimentos

Nota da Escrevinhadora: Eu tive a honra de ser convidada para escrever em um jornal virtual que é tudo de bom. Meus posts de lá a priori vão ficar só lá, mas hoje eu estou com ares familiares soprando muito de perto, por isso desta vez o que esta lá, no Primeira Fonte vai estar aqui também.




Eu sou mãe, tenho mãe, tive vó até um bom tempo. Mas não vou falar de Dia das Mães. Eu odeio todos os Dias de alguma coisa. Nem vou entrar no mérito do comércio, mas acho que é porque sou mesmo uma pessoa horrorosa. As homenagens me dão canseira e acho tudo muito chato. Eu cumpro a tabela, porque vivo em sociedade, portanto tenho que ao menos parecer normal.

Porém frequentemente sopram ares familiares ao meu redor. Eu sou primeira filha, primeira neta, sobrinha, etc., a mais estragada e no entanto a que tem um senso de amor familiar mais depurado, com toda modéstia.

Meu avô nasceu na Ilha da Madeira, em Portugal e muito pouco convivi com ele. Quando ele se foi eu tinha sete anos e ele foi longe de ser o avô que meu pai é para minha filha. Sisudo, eu nem me lembro da voz dele, só guardo com amor o anel de ônix que ele me trouxe quando foi ver pela última vez a terra mãe, já de avião, o que era o luxo dos luxos nos idos de 1970.

Na verdade eu tive mais contato com a minha tia Paulina, irmã dele, apesar de nunca tê-la visto. Nós nos correspondíamos. Sim. Carta. Papel. Caneta. Ir ao correio. Era uma emoção para mim, sabe-se lá para ela. Os primos que vinham de Portugal sempre traziam as recomendações de saber como eu estava.

Eu fui a Portugal com vinte e poucos anos e não a visitei. Com vinte e poucos anos a gente acha que tem coisas importantíssimas para fazer em uma viagem e acaba deixando de lado o que interessa, mas é assim. Pouco tempo depois ela se foi também, e meu primo disse, perdeste a oportunidade de vê-la, ela queria tanto.

Há um mês atrás, depois de muito viver, conviver com família, ganhar membros novos, perder insubstituíveis, fiz o caminho inverso ao do meu avô no começo do século. Fui de navio à Ilha da Madeira. Ao chegar, perdida, com um papelzinho com meio endereço, porque na época em que minha tia me escrevia a aldeia era tão pequena que todo mundo sabia quem ela era, nem sabia se queria ir procurar, com medo da decepção de não achar.

Mas os anjos me mandaram o seu Virgílio, o motorista de táxi. Ele não só me levou à Ponta do Sol como foi mostrando tudo o que tinha até lá. Bananeiras a perder de vista. Mas ao chegarmos a mini aldeia era um bairro inteiro e não se tinha como saber onde nascera meu avô e onde morara a Tia Paulina. E novamente os anjos me deram vontade de tomar café e eu fui tomar café no café do marido da afilhada da Tia Paulina. Como foi isso? Sei lá, começamos a falar de nomes, sobrenomes, ele teve um clique e disse – mas é a madrinha da minha mulher!



Lá fui eu para a casa da tia Paulina e de repente o bairro todo sabia quem ela era e onde era a casa, e eu fui lá, coração aos pulos, passando pelas ruelas, casinhas, casonas, bananeiras sem fim (a Ilha da Madeira produz bananas pacas) e chego em uma casa com uma senhorinha lavando o quintal. “A senhora sabe onde era a cada da D. Paulina”. “Ó, pá. Claro que sei. É esta aqui.” Depois das explicações de quem eu era, vi a casa toda da minha tia Paulina das cartas de 35 anos atrás, pus as mãos nas paredes e ainda vi uma foto que a Dona Amália, a nova proprietária guardava com carinho – uma foto igualzinha a uma que eu tenho comigo, do meu avô bem pequeno com os irmãos.



Eu realmente sou uma ovelha negra. Não compareço a aniversários, não comemoro datas, não visito bebês e doentes, sou péssima anfitriã. Mas voltar à casa onde meu avô nasceu foi uma coisa que não vou saber descrever. É um sentimento maior que família, é como se eu estivesse, por exemplo, em Marte, e visse um outro terráqueo. É a sensação que a gente tem quando ouve um brasileiro falando em outro país. Fazemos parte. Os genes fervilham dentro do corpo. O coração reconhece o lugar onde nunca estivemos fisicamente. Eu fiquei lá tocando, sentindo os cheiros, o sol, vendo o mar através das bananeiras e imaginando que parte de mim ficou lá sem eu nunca ter ido antes e que eu estava reencontrando.

As fotos e a história causaram furor na família aqui no Brasil, especialmente no meu pai. A mim foi acrescentado um sentimento que eu ainda não tinha catalogado e nem sei o nome. Mas preenche tudo, corpo, cabeça, coração.



domingo, 6 de maio de 2012



Hoje é um dia especial para alguém, o que o torna especial para quem o cerca.
Hoje não dirigi até você, mas foram muitas as noites.
E ainda que a presença não seja física, a sensação de paz, de tranquilidade, enfim, acalenta.
E ainda assim o furacão não deixa de rodar dentro de mim.
Ainda haverá muitas noites driving to you.
Feliz Aniversário.

sábado, 5 de maio de 2012

O que é, é.


Eu finalmente consegui saborear o momento sem a dor.
Algumas coisas simplesmente ficam, não como queremos, na verdade nem queríamos que ficassem.
Mas é inexorável. Elas são o que são e sempre vão ser.
Deixemos os esqueletos no armário.
Eles às vezes pulam, mas o ataque com o tempo não dói mais.
E chega a ser revigorante, uma tomada de fôlego para continuar.

Sonhamos com a neve


Tive a honra de escrever sobre o lançamento de Sonhei que a Neve Fervia, aqui.
Eu ainda preciso de mais uns dias para digerir tudo o que pensei sobre os laços que nos unem e nos separam e depois unem de novo, o que a dor produz que pode ser bonito, e como ver a maturidade aportando é recompensador.