segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


É tarde. Bem tarde. E o dia vai ser muito, muito longo.
Mas eu tinha que vir aqui dizer isto.
Miau.

sábado, 15 de janeiro de 2011


Os gatos sempre acabam voltando para casa.
Continuam com sua natureza fugidia, mas aparecem de vez em quando.

sábado, 8 de janeiro de 2011


Por onde andará o gato?
O que descaradamente pede carinho?
Sorrateiramente estabelece território?
Ronrona para pedir o que não custa pedir, mesmo sabendo que não vai ter?
Sabe se esgueirar e tem patinhas macias?
O chato dos gatos é que eles se perdem por uns dias.
Here kitty kitty???

* Esse é o Apollo na carruagem.

Eu já disse aqui como o brilhantismo de algumas pessoas me fascina. E vou falar de novo, e de novo fui inspirada pela mesma fonte que, por sinal, não é óbvia. Na verdade parece bem comum, mas quem tem olhos de ver percebe logo que não é. Porque o que parece comum pode tornar-se brilhante dependendo dos olhos - este aliás é o mecanismo de funcionamento de todos os adjetivos.

Uma palavra, a presença de espírito, a boa vontade, a disposição para se abrir para o que a vida oferece de bom, o riso fácil (dado e provocado - um homem que faz uma mulher rir é um homem muito inteligente). E um certo ar de ausência que denuncia que o brilhantismo está ocorrendo, alhures, mas transbordando e iluminando o entorno.

A alegria com seriedade, a descontração aliada à disciplina, aparente displicência que de repente, surge metamorfoseada em cuidado, interesse, naquilo que soa familiar, sorriso acolhedor, um telefonema "só pra dizer oi", que de repente é mais confortador que horas de conversa infrutífera, pesada, densa, desgastante, e que machuca. Isso é ser brilhante. E é um brilho impagável de mil sois.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011



Não sei bem se estão semi-mortas ou semi-vivas. Achei que estavam mortas, mas quanto mais os gatos recebem chances de se manifestarem, mais vivas elas me parecem.

As coisas poderiam simplesmente ser menos complicadas.


O bom de um dia de cada vez é que as decepções são menores. Mas elas acontecem mesmo assim. Para essas ocasiões nada como um gato metafórico que goste de corujas. Já fiz "kitty, kitty, kitty". Agora é só aguardar e desfrutar de tudo o que os gatos têm a oferecer.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ridículo, muito ridículo



Eu venho observando isso já há algumas semanas, mas estava tentando amadurecer a ideia para falar sobre ela. Daí concluí por fim que mais madura que está não vai ficar, e essa é a ideia mesmo, a que eu quero despejar.

Nós todos temos no fundo quinze anos.

Por mais maduras que as pessoas pareçam, independentemente da idade, classe social, opções de todos os tipos: sexuais, políticas, culturais, etc., e com exceção feita aos casos óbvios de mulheres retardadas que mantêm uma coleção de bichos de pelúcia depois dos trinta anos e homens que berram se alguém imacular o carro que acabaram de lavar (em qualquer idade), em determinadas situações o/a adolescente de quinze anos em média pula pra fora.

Pessoas com crianças pequenas e bichos ficam mais sujeitas a revelarem essa faceta, mulheres que andam armadas de garfos para espetar no pescoço de amigas (vide A Solução de Clarice Lispector) por motivos os mais variados, peso, medidas, amizades, amores, cor das unhas, e outras coisas relevantes e homens de qualquer idade que entabulam conversações tão relevantes quanto - exemplo - ele estava impedido.

Mas o crème de la crème disso é a paixonite. Homens barbados, enormes e musculosos (ui) e os nem tanto, mulheres sérias e responsáveis, ou nem tanto também (argh) com mais ou menos primaveras computadas, antenados, plugados, atualizados, profissionais, confiáveis, com reputações a zelar, ficam igualmente ridículos.

O timbre de voz é o primeiro sinal, muda para o mesmo da pré-infância. As mulheres enrolam uma mecha de cabelo com os dedos, piscam muito, os homens inflam (em geral). Ouve-se muito "é mesmo?" e [insira algo bem ridículo aqui] seguido de "sabiaaaa???". Então. Alguns casos são mais graves porque a vestimenta acompanha a regressão mental, e aqueles cuja vestimenta acompanha a idade, em geral as proles, se assustam. O telefone vive ocupado. O msn vive fazendo o famigerado barulhinho, o coração acompanha aos pulos, arriscando em determinadas idades uma arritmia. A gente ri à toa, chora à toa, se descabela, fica com raivinha, arquiteta vingancinhas, compra coisas que até deus duvida para experimentar aquilo que deixou passar sabe-se lá quando no meio da monotonia anterior.

A gente dança, se precisar pula de pára-quedas, escala montanha, pega o carro, o avião, o ônibus, o que estiver à mão, a hora que for. Porque o bom da adolescência tardia são os acessórios disponíveis e a liberdade de fazer o que der na telha, enganando filhos e outros inocentes em geral com mentiras tão ridículas que se nos contassem morreríamos de rir.

E ainda coramos. Sim, os adolescentes tardios são do tempo em que se corava. E damos risadinhas. E fazemos dramas. Com conhecimento de causa podemos nos dar ao luxo de arriscar porque já sabemos que por mais que doa, tudo passa se precisar doer. E sabemos também que a viagem, enquanto está boa, é para ser aproveitada, muito, é pra se jogar no abismo de olhos fechados.

É uma delícia ser ridículo.

domingo, 2 de janeiro de 2011



Eu tenho muitas amigas, boas amigas. Mas amigos homens são muito menos complicados e muito úteis. Esta semana, em uma conversa altamente filosófica e cultural com ele, em meio à habitual fofoca, e com base em um acontecimento recente, abordamos o delicado tema do "mulher gosta mesmo é de receber ordem".

Eu imediatamente concordei, porque acho que é fato. Este é o momento de tensão em que as independentes de plantão me jogam as pedras, as que morreram para a vida e para o sexo e tudo o mais que os homens oferecem de bom (lista curta em alguns casos) me jogam os paus (sem trocadilho, pela impossibilidade implícita), e as que se enganam me olham feio.

O fato é que, como eu disse durante a conversa edificante, para dar ordem o homem precisa de cacife. E não estou falando do cacife fácil, não, o do cartão de crédito, esse não me impressiona. Estou dizendo que o meu cérebro precisa ser convencido. E não é só o cérebro. E como os meus parâmetros são MUITO altos, para me dar ordem, precisa ser MUITO bom em tudo. Ou pode até tentar dar ordem, eu vou morrer de rir.

O fato é que essa coisa toda de independência aumentou muito a carga horária das mulheres que ancestralmente já viviam de agenda cheia. Algumas insistem em se auto-flagelar, dizem que têm mãozinhas para abrir a porta do carro e não precisam de quem lhes puxe a cadeira. Eu também tenho, também não preciso, não preciso de gentilezas e presentes em geral, mas, posso me dar a esse luxo, então, pobre de quem não pode escolher.

Aaahhhh então é isso, eu sou mandada por alguém que me compra! Eu morro de rir com essas coisas. O que fica nebuloso é o que é mandar e o que é dominar. Mandar em mim é difícil, me dominar, se for feito como se deve, é interessante. Quem me alcançar que tente. E o domínio (que parece um palavrão mas não é) pode se estender, abrir precedentes, possibilidades em outras áreas, fazendo tudo mais interessante ainda.

Todo mundo precisa às vezes de uma luz. Ninguém vive nem resolve tudo sozinho. Homens ou mulheres. E existem pessoas que estendem uma mão forte. E pode parecer uma ordem. Mas cada um estende a mão quando quer e como sabe. Aceita quem não quer ter razão sempre, quem sabe que a mão forte pertence a um conjunto firme o suficiente para sustentar sua fragilidade.

sábado, 1 de janeiro de 2011


Thought of You from Ryan J Woodward on Vimeo.

I thought of you and where you'd gone
and let the world spin madly on

É assim. A gente nota a dimensão das coisas quando elas não estão tão perto. É uma hipermetropia necessária. E muito útil.
O vídeo vale a pena ser visto. E pensado.

Advertência



Isto aqui definitivamente virou coisa de mulherzinha, como obviamente se vê pelas flores, cores-de-rosa e demais frufrus. Isso não era absolutamente a minha cara mas de repente deu vontade de ser, o que me surpreende e me assusta. Somente para constar, dentro da cabeça também ficou um pouco - digamos, sei lá a palavra, talvez ladylike se encaixe. Mas daí vou ter que discutir estereótipos do que representa o feminino e entrar em assuntos espinhosos de ter que provar alguma coisa, então ladylike it is, just because. E os cérebros são mesmo meio rosados e funcionam muito bem. O meu nunca esteve melhor, obrigada. Por isso posso me dar ao luxo de pintar tudo de vermelho, o rosa fica implícito, porque é monótono demais. E daí nem eu aguento.