sábado, 21 de dezembro de 2013

Que surpresa...



Eu andei foragida daqui, o que equivale a dizer que andei em círculos fugindo de tomar alguma decisão. Ao ler a última postagem, e lá se vai mais de um mês, não me surpreendi nada com o assunto, mas muito com a minha ingenuidade. Nesse meio tempo fiz uma viagem cheia de riquezas adquiridas para contar, falar sobre, discorrer, debater comigo mesma e aprender. Mas evitei até o ponto onde agora não faz mais sentido. Passou. Mas não devia. Quando li no post abaixo "definitivas"quase morri de rir se não tivesse me corrigido a tempo lá mesmo.

Não há: definitivo, nunca, para sempre, garantias. E quem quer sossegar é porque morreu. Pode ainda respirar, mas morreu.

Coisas acontecem supostamente para que os um pouco espertos aprendam a lição. Descobri que atingi minha meta de ser um pouco mais burra, mas errei na medida e estou a um passo de cometer uma burrada pela segunda vez - a mesma. Ou estava.

Eu já disse mil vezes que agradeço todos os dias pelas pessoas com quem compartilho a vida. Tenho a sorte de que 90 por cento são aquelas que me acrescentam todo dia alguma coisa, e os outros dez são aqueles que todos precisamos para ensinar aquilo que teimamos em não aprender. E todos me ajudam a não cometer atrocidades.

Há anos eu venho sendo teimosa, não sei mais a quem eu quero provar alguma coisa e acabei esquecendo de verificar ao longo do caminho se ainda fazia sentido. Já tive a fase de me achar a última alma da terra, a mais ignóbil e desprezada, depois surgiram todas as pessoas importantes que passaram e que ficaram, ou que passaram e passaram mesmo, mas deixaram sua marca, sua lição. Uma em especial dura já mais tempo do que deveria, o prazo de validade venceu, deu defeito inúmeras vezes - sempre o mesmo - e a peça original já não está mais disponível, ou seja, não tem conserto. Cheira a estragado, tem aparência de passado, gosto rançoso, e aquela sensação - sabe aquela? Então. Essa mesma.

A gente se apaixona ao longo da vida. Mas segundo minha consultora de assuntos biológicos, paixão tem duração máxima de dois anos, senão a gente explodiria, o corpo não acompanha. Daí pra frente, evolui, involui ou simplesmente desintegra. A minha passou do prazo e eu não me dei conta.

Então um dia você olha pro lado e pensa - mas o que é que eu estou fazendo aqui? O que eu estou pensando que vou fazer com a minha vida? Em que momento eu deixei o controle na mão de outra pessoa? Por que eu estou simplesmente indo por aqui se tem tanto caminho mais florido disponível???

E daí eu me decepciono, porque é sempre assim. Todo mundo fala de amor verdadeiro, para sempre, ou aquele mais ou menos mas aceitável, ou aquele mais creme de la creme que é o que podia ter sido mas não foi e ficou no passado mas pode saltar da caixa de Pandora a qualquer momento. Me sinto lesada. Não tenho nenhum desses. Não voltaria pra trás de nenhum. E menos ainda quero ir pra frente.

Então WTF estou fazendo???

A gente se acostuma com presenças e se acomoda a situações. Cria desculpas e justificativas dizendo o que queremos sem ter a menor noção do que estamos falando. Vamos emendando um dia no outro, remendando o que não tem conserto, fingindo não ver o que é gritante, achando graça na ausência total de qualquer motivo risível. Deixar de amar é uma tragédia. Continuar na inércia é o apocalipse.

A burrice tem limites.