segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Rendição


Andei na revolta de tanto ver, ouvir e ler besteira na rede social, no noticiário da TV e ao vivo e a cores. A paciência anda curta e me manifestar em público - leia-se na rede social ou me engalfinhando com alguém não me pareceram boas ideias, e me lembrei porquê havia parado de ouvir ou ler ou assistir o noticiário, e achei que andava bastante entediada para chegar ao ponto de começar de novo. Aqui me sinto mais à vontade para as minhas próprias asneiras, uma vez que a quantidade de leitores se resume a uns dois incluindo eu mesma, portanto as possibilidades de ter respostas imbecis a perguntas que eu não fiz é bem menor. Além do mais, a soberana aqui sou eu, portanto o espaço é meu e eu escrevo o que quiser.

Eu queria vir aqui fazer mimimi a respeito de radicais em todas as áreas, especialmente a política, de pessoas que me chamam de "amiga" como se eu tivesse dado essa liberdade, de gente louca que quer minha vida - ou acha que quer, porque não tem a menor ideia de quanto custa ser eu, ou que sabe, mas é gente mais doida ainda a ponto de achar que pode me impedir de ser; a respeito do país que afunda e eu querendo deixar o barco, ou de todos os barcos em que eu entrei e estou tentando descobrir qual é o que não vai afundar, um tão cheio de buracos e remendos que parece não dar pra manter flutuando, mas que me parece ainda ser o barco salva-vidas, porque os outros já afundaram há tempos. Enfim, o mimimi todo está feito, porque eu queria escrever 100 páginas detalhando a cara de pau de todo mundo que acha que pode impor opiniões, que se acha dona da verdade e do mundo, que acha que pode mandar em mim, que acha,,,

Mas aí me deu a preguiça do século, a maior da galáxia, a infinita preguiça de quem finalmente teve a epifania do pra que mesmo? Talvez sejam os bons conselhos e boas vivências recentes da sorte de ter bons mestres, externos e internos, talvez seja só a idade mesmo, que traz o sossego da indiferença. Uma pena ter que passar por todas as tempestades que eu mesma provoco para chegar nessa calmaria que dói no corpo como quem fez exercícios físicos.

É muito estranho não se importar, apesar de não saber o quanto vai durar. Abrir mão do controle é dificílimo, mas libertador. Discutir, brigar, gritar dá muita canseira. A descarga de adrenalina deixa uma moleza ruim no corpo por uns três dias. Talvez uma altercação física, tipo umas porradas na cara ou arrancar os dentes de alguém fosse libertador, mas não é socialmente aceitável nem juridicamente recomendável. E também cansativo demais.

É tão, tão difícil abrir mão voluntariamente da intensidade. Mas o tempo agora é de paciência. É menos emocionante, mas dói muito menos. E em algum momento da vida temos de crescer.

"Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." - Clarice Lispector