sábado, 17 de novembro de 2012
Os últimos tempos foram tão, tão intensos que não sobrou fôlego para escrever. E tudo que tenho sentido não encontra expressão em palavras, o que me frustra, porque eu queria um registro escrito da felicidade, da dúvida, dos conflitos, dos arrependimentos e consertos deles, da selva de ideias e do dilúvio de lágrimas, de alegria e de tristeza, andei descompensada até fisicamente, meus hormônios todos enlouqueceram, literalmente, eu sou um case report médico, e no entanto não tenho sintoma algum do que deveria virar meu mundo do avesso. Eu sinto tão fundo que desordeno até as minhas moléculas mas ainda assim vale tanto a pena que sigo andando, keep walking, agora acho que sei para onde, eu pulei em muito avião, barco, ônibus, metrô e táxi, dormi em muitas camas diferentes de hotéis, andei a pé até não poder mais, vi, senti, respirei o mundo, deixei um pouco de mim em várias paragens, paisagens, quebrei paradigmas, experimentei, tirei a prova, a única coisa que não me abandonou ainda foi a nostalgia.
Hoje eu sei que ela aí está porque tudo que vivi deixou tantas marcas tão profundas de tão intenso que de vez em quando elas se manifestam. E tem a nostalgia do que eu não vivi, essa ainda mais incompreensível, mas quando me entrego a ela é fascinante. Aliás soltei as amarras, cortei o cordão umbilical, pus para fora os monstros do meu porão para arejar, tossi durante semanas expulsando tudo que me fez mal por anos.
Mas obviamente para tudo há um preço. O preço que eu pago por sentir tanto é a minha frustração de não ser mais de uma, porque dentro de mim existem múltiplas, cada uma querendo viver uma vida diferente. Mas só dá para viver uma de cada vez. Misturar dá muito trabalho, é muito arriscado e posso acabar nem sabendo mais qual sou eu de verdade. Então fiz minha opção, mas ainda tenho dentro de mim todas as outras, as que vivem suas vidas lá nesse outro lugar para onde eu vou às vezes sem sair daqui. Foi o meio que achei de açambarcar a vida que veio em enxurrada, eu que já tinha vivido tanto aos goles.
Eu cultivo tudo que me faz bem, sem nenhuma restrição. No momento em que paramos de viver para os "outros" tudo parece acontecer como que por mágica. É só isso mesmo, ir vivendo o que quero, fazendo o que eu quero na hora que me dá na telha, falando o que eu quiser para quem eu bem entender, e sabendo que tudo tem suas consequências, mas estou preparada para elas.
Acho que cresci uns cem anos.
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