terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Considerações inúteis sobre as perniciosas falhas humanas


"There" is not better than "Here". When your "there" has become "here", you will simply obtain another "there", that will, again, look better than here.

Quando temos olhos de ver e ouvidos de ouvir e conseguimos aquietar por um tempo as tempestades dentro do coração, a vida ensina coisas que já ouvimos dizer e com certeza ignoramos porque quem tem raios e trovões no coração ignora lições não vividas, se elas não vierem com sangue suor e lágrimas.

Recentemente aprendi duas coisas que já sabia, mas conforme o tempo passa até aquilo que já sabíamos vira novidade porque obviamente somos outras pessoas diferentes daquelas que éramos há um, cinco ou dez anos (ou minutos) atrás.

Uma delas é que infelizmente nao se conquista respeito sendo bonzinho. Isso é fato e não é lá muito politicamente correto nem pio, porém respeito, seja de quem for, se ganha na porrada. Para não citar obviedades vou disfarçar - isso vale para pessoas mais velhas, pessoas mais jovens, mais experientes, mais ou menos amadas por nós, profissionalmente, pessoalmente, dentro da família, na rua com desconhecidos (salvo violências literais), e acima de tudo por quem mais nos ama. Estas últimas, por nos amar, acham que têm o direito adquirido de ficarem folgadas. Em geral obviamente quem mais nos atinge são aqueles que mais amamos, senão não daríamos a mínima. Uma ofensa capital de um desconhecido nos afeta tanto quanto uma simples palavra mal digerida que tenha saído dos alvos de nossos afetos. E isso nos deixa ä mercê do que sentimos, somos escravos de pais, filhos, amigos queridos, amantes em todos os sentidos e níveis de comprometimento, pessoas que admiramos. Até o momento em que damos o basta, socamos a mesa, berramos, esperneamos e resgatamos a vida que nos pertence na base do grito. Aí depois das caras de espanto raros são os que não pensam duas vezes antes de ficarem folgados de novo. E o pior é que a fama de mau requer manutenção.

Por que somos assim? Eu me incluo obviamente porque já desrespeitei muito também e só quando ouvi o basta é que parei. Mas por que todo aprendizado tem que incluir subir montanhas de gelo, enfrentar o minuano, ficar sob o sol escaldante do deserto? Não sei. O que sei é que só ganhei respeito quando abri a porta para os meus monstros do porão saírem para fora da casa.

Outra coisa está bem clara na citação aí em cima. Nós somos seres querentes. Eu quero isso, aquilo, aquele, essa ou aquela situação. Daí fazemos tudo possível e impossível para conseguir, o que é louvável e humano, mas muitas vezes o custo é tão, mas tão alto que perdemos até de vista o objetivo, Muitos desistem no meio do caminho, outros nunca sabem quando o fim já passou faz tempo, mas independentemente disso, quando conseguimos o tão almejado objeto de desejo, seja ele o que for, já estamos 1) dizendo ah, era isso? 2) mas agora eu quero... (preencha com qualquer outra coisa), ou 2) mas será que não era ..... (preencha com qualquer outra coisa) que eu queria?

As sombras estão sempre lá. As dúvidas nos assaltam no meio do dia, na calada da noite, no meio da frase, no gesto contido, na palavra errada dita sem querer, no olhar para o outro lado, de lágrimas ou sorrisos que escapam e correm e cintilam nas horas erradas. Quando ao nos vermos ä frente de dois caminhos conseguimos finalmente fazer a escolha, o outro caminho vai ficar sempre paralelo, sempre lá nos assombrando, o e se, o mas como, a possibilidade é muitas vezes cheia de tentáculos. Parece sempre que estamos perdendo uma festa em algum lugar, aquela mesma cujo convite recusamos.


 

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