segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mas outra vez?


Como é que se convive com o que não faz sentido? Como se administra não saber? Como se aprende o que não se ensina em nenhuma escola? Como se para de fugir de algo que é mais rápido e mais esperto que nós? Como se adaptar a não ter outra solução? Como se sai dos abismos infindáveis das incertezas que encobrem as certezas mais pétreas? Como se finge que não é com a gente? Como se olha para o outro lado? Onde se acha mais argumentos para provar o contrário? Em qual mundo é possível se esconder? Como se faz para sair de dentro da gente mesmo? Para quem e como se justifica o que não tem explicação? Ou se dá desculpas esfarrapadas, maltrapilhas, oblíquas, dissimuladas? Para onde mais se espalhar se por mais que se tente fragmentar o ponto de ser inteira é um só? Como fechar os olhos para o que não se pode, não se deve e não se permite ignorar? Por que não escolher os caminhos largos, ensolarados e floridos? Por que calar? Por que a vergonha de não ter mais justificativa? Por que querer ter justificativa? Por que negar? Por que aceitar? Por que afirmar, rotular, embalar e guardar? Por que se repetir tantas e tantas vezes, pisar o mesmo chão, seguir o mesmo caminho que vai de nada a lugar algum? O que dizer mais? Quando calar? Por quanto tempo? Por que motivo? Em que momento ocorreram os turning points? Onde foi que eu errei? Ou qual acerto me trouxe a isto? Como comunicar a todos os envolvidos? Para que envolver mais inocentes? Quais as palavras mais dolorosas ecolhidas a dedo serão usadas? Qual dos lugares do mundo foi o cenário perfeito? O dia perfeito? Qual pretérito imperfeito feriu a concordância? Em que planeta aterrissamos? Em que ano? É o carma? Juízo final? Pimenta nos olhos? Lágrimas, lágrimas, lágrimas. A hora errada, a palavra errada, a atitude errada, mas errada para quem? De onde surgiu? Como evoluiu? Existe tratamento?
O carro faz a curva e a saudade - que estava de plantão à porta - entra sorrateira e se instala. E as perguntas dançam no ar desafiadoras, desaforadas, desdenhosas.
Nem procuro as respostas, porque amanhã as perguntas serão outras.

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