quarta-feira, 10 de março de 2010

Possibilidades


(isto vem daqui: http://imgs.xkcd.com/comics/freedom.png)
Não é genial isto? Quem já não teve essa sensação de ver a outra possibilidade em tempo real? Isso acontecia comigo o tempo todo na faculdade, no meio das aulas de literatura, eu pensava, e se eu der um grito agora? Essa provavelmente quase todo mundo pensava. Mas imagine só todas as possibilidades que teríamos e o potencial delas serem mesmo "life changing", e em geral imaginamos coisas que acabariam em prisão, internamento em hospital psiquiátrico, segregação social, banimento da vida em comunidade. Por que tudo o que é mais divertido de imaginar é o não aceitável? No meio de uma reunião importante, aula com o professor mais disputado, conversa díficil, se caímos na digressão mental, raramente pensaremos em alguma coisa "normal" do tipo "e se eu tomasse um café agora", nãaaaaaaao, vamos sempre pensar em e se eu gritasse, e se eu chorasse, e se eu saísse correndo, e se eu tirasse a roupa, e se eu me deitasse e dormisse, e se eu simplesmente largasse tudo aqui e saísse andando e deixasse todo mundo falando sozinho, essas coisas. Mas e quando trata-se de coisas que realmente mudam a vida da gente? E se eu largasse esse emprego? E se eu mandasse essas pessoas que me irritam às favas? E se eu acabasse de uma vez com esse casamento que já não existe há anos? E se eu tivesse um bebê? E se eu tivesse outro bebê a uma altura destas? E se eu fosse embora sem avisar ninguém? E se eu fosse embora mesmo avisando todo mundo? E se eu assaltasse um banco? E se eu matasse alguém? E se eu fugisse e nunca mais ninguém ouvisse falar de mim? Bem. Obviamente não chegaremos a transformar esses "e se" todos em "daí eu + verbo no passado", porque simplesmente vivemos na caixinha, vivemos em sociedade e há regras. Gostando ou não delas, se quisermos continuar a viver em sociedade, algumas pelo menos temos que respeitar, se não quisermos podemos chutar tudo, mas há preços que talvez sejam altos demais. Então bom mesmo são as pequenas coisas que conseguimos fazer, os socos que conseguimos dar sem causar grandes comoções, só escândalos pequenos. Eu proponho um soco, grito ou ação metafórica por dia, e em alguns dias eles nem precisam ser metafóricos. Nesse ritmo, um dia a gente acorda na outra possibilidade.

2 comentários:

Luci disse...

não me lembro o livro, mas Sidney Sheldon definiu, na pele de Kate Blackwell, o "se, sinonimo de inutilidade".
o negócio é botar em pratica! djá!
bj

Suzi disse...

Pois então. E quando nos pegamos pensando em todas as perdas que as opções escolhidas acarretaram? Optamos por um caminho, não foi? E que tal seria o outro? Oh, my God... haja vinho!
beijos