quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Homero, Achilles e o que se passa pela minha cabeça

Eu ando me atracando com a Ilíada e como todo o resto das coisas na minha vida, tem sido intenso.

Não sei como se pode ter dúvida de que uma pessoa só escreveu a história toda, eu diria que seria simplesmente impossível ser uma colcha de retalhos de bardos como alguns defendem. Eu duvidaria que foi um ser humano que escreveu, se já não tivesse lido tantas coisas tão brilhantes quanto escritas por outros humanos (quem sabe abduzidos).

A riqueza de detalhes e a absoluta necessidade de descrever a descendência pelo menos parcial de quem está no meio da batalha com o escudo na mão ou a lança de bronze no flanco é o que me espanta. Naturalmente poderíamos discutir aqui o aspecto de análise literária, o kleos, a busca da notoriedade que demanda saber a origem e a prioridade máxima da vida o reconhecimento. Tanto que Achilles opta pela vida curta e gloriosa ao invés da chatice aos pés de Peleu. Mas não vou me alongar porque não quero analisar nada literariamenter, só quero acrescentar algumas bobagens que me passam pela cabeça.

Primeiro que só tenho tempo para ler antes de dormir e agora que cheguei na parte em que Achilles parou de bobeira e entrou na luta, eu participo da batalha a noite toda e já sei que não está custando nada para começar a fazer associações eróticas com o Achilles. Mas isso é outra história, o que é fascinante é como existem pessoas que não gostam de ler, não sabem o que é livro de verdade, os ácaros que têm dentro do cérebro têm alergia aos livros.

Obviamente a uma altura dessas da vida e tendo a formação que tive já li livros até demais. Mas a cada um é um entusiasmo que chega a ser fisicamente manifestável. As epopéias (não, não vou abolir o acento) então, são coisas tão grandiosas que é impossível não entrar nelas. Eu estou do lado dos aqueus, provavelmente pela minha quase obsessão pelo Achilles, mas o Páris me intriga. Ele é a causa de toda a confusão e em vez de lutar vai ficar com a Helena que foi pra isso mesmo que ele arrumou toda a encrenca. Eu admiro a cara de pau dele, o anti-herói que -"couldn't care less".

Não resisti a ler alguns materiais a respeito, principalmente em relação à participação dos deuses, o Olimpo não poderia ser uma baderna maior, e eu queria saber como seria se nós não tivéssemos caído no monoteísmo, como seria atualmente lidar com deuses com características mais que humanas, teimosos, rebeldes, e podendo fazer o que querem? Eu me divirto muito fazendo associações de pessoas que conheço aos deuses mais diversos, afinal o propósito todo do arquétipo é esse - encaixar alguma coisa ou alguém nele.

Homero se existiu foi brilhante. Se não existiu também foi. Aprendi a não discutir o que funciona. Foi assim que achei meu Achilles, adaptado. E com calcanhar também.

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