terça-feira, 22 de novembro de 2011

O fator químico na minha visão filosófica - ou - eu também quero isso que você está tomando

Os dias têm sido longos mas nem tão lentos como eu imaginei que seriam. Parei de ficar sentada reclamando e tomei algumas providências, e obviamente como mágica as coisas funcionam, nem todas, mas algumas despertam do sono atávico.

Primeiro estou em um dilema filosófico do tipo ovo e a galinha, porque achava que drogas que interferem no cérebro são só paliativos e na verdade precisamos mesmo é resolver nossos problemas. Mas como em geral não temos todas as chaves deles, eu me perguntava se valia uma ajudinha, ou se tinha que ser cold turkey ao contrário, ou seja a validade da medicação que é alvo de discussão de pessoas qualificadas entre as quais eu não me incluo. E daí que me pus sob o efeito de drogas (lícitas e prescritas) e daí que tudo ficou mais fácil. Não estou abobada, não durmo o dia todo, depois de uns ajustes de dosagem, continuo sendo eu. Na dose inicial não era eu, foi muito engraçado porque era eu bêbada, alguma eu que não estava funcional. Feitos os devidos ajustes, esta eu ainda sou eu, só que os cavalos desenfreados que corriam na minha mente estão pacatos, eu não estou histérica, o mundo não está acabando, o copo está meio cheio e não meio vazio. Eu estou mais suportável a todos que me cercam, e principalmente para mim mesma. É válido ou estou trapaceando? Mas trapaceando quem? A associação dos masoquistas? A confederação do mau humor? A sensação de alcoolizada sem uma gota de álcool é o melhor de tudo, não é perigoso para dirigir, não dá ressaca, não se passa dos limites, é o crème de la crème da bebedeira, a desinibição sem os efeitos colaterais. Pus de castigo a minha carrasca interna. Quando ela começa a ladainha eu digo "E daí?" e ela se cala.

Eu achei que precisava dessa muleta cerebral porque a vida muda muito rápido, e estava me atropelando. Ainda está, mas eu saí da frente, uma hora as coisas que eu tenho que decidir vão gritar e eu vou ter que dizer sim, não, assim sim, isso aqui não, mas sem choro nem sangue nem ranger de dentes, vamos fazer o que temos que fazer sem drama e sem frescura, porque a minha paciência pra isso já deu.

Isto posto andei sumida por confusão mental, acertos de dosagem, e coisas que muito, muito me surpreenderam e me surpreendem a cada dia mais, eu voltei depois de muito tempo a sentir um gostinho de alegria, e vi isso espelhado em outra pessoa, o que foi ainda mais emocionante.

Acho que caí no buraco da árvore da Alice, sei lá se era para lá que eu queria ter ido, ou fui para Nárnia, ou fiz o shift para Matrix, teletransporte, the twilight zone, you name it, sei que, com drogas ou sem drogas, hoje posso respirar sem me torturar. Todos devíamos tentar isso. É possível.

Nenhum comentário: