domingo, 27 de maio de 2012


Eu nem sei dizer por quanto tempo tenho vivido com tanta intensidade que a médica diagnosticou que eu sou magra por auto-consumação. Eu já havia percebido que não conseguiria nunca mais viver como zumbi que fui durante tanto tempo, mas não pensei que sem artifícios discutíveis, como por exemplo, álcool, drogas, e coisas do tipo, eu conseguiria sentir tão intensamente. Ser capaz disso é ao mesmo tempo extraordinariamente excitante como profundamente desgastante. Eu estou exausta. Não de viver, mas de viver TANTO.

Mas existe a vida - não vou dizer real porque teria que entrar em uma discussão longa sobre qual é a vida real, então digamos, a civil. A gente vive em sociedade e por menos que goste e por mais que consiga driblar tem regras a cumprir. Trabalhamos, pomos as máscaras todas as manhãs, vamos vivendo com elas ao longo do dia e caímos no abençoado intervalo do sono sem o qual eu já teria explodido de tanta vida de olhos abertos.

Então eu vivo. Jamais me senti tão viva como nos últimos tempos, e a vida vai se acumulando e transbordando,   saindo pelos olhos, pelos poros, deixando a sensação de excesso de cafeína ou o barato do açúcar em criança. Esses são os picos. Os vales também são profundos, porque a minha capacidade de sofrer também é de matar, poderia explodir disso também.

Há alguns inconvenientes porque acabamos, com uma vida dessas, ficando mal-acostumados. E quando não há fogos de artifício - sim, porque eles não explodem o tempo todo - achamos que estamos perdendo algo. Eu ando me perguntando para onde foram algumas coisas que eu sentia com tanta intensidade que até doíam. E começo a perseguir novidades que provavelmente vão acabar no mesmo caminho.

Eu tenho muita coisa acontecendo ao mesmo tempo agora. Talvez quando as partes práticas se resolverem - porque elas se resolvem, por mais drama que eu tente fazer, acabou a graça, porque tudo passa, tudo se resolve, eu faça a minha escolha finalmente. Eu já não tenho idade para tanta intensidade, meu coração me pede encarecidamente pra sossegar. Obviamente não vou fazer isso, mas tenho que achar o equilíbrio, parar de tentar querer tudo porque a mãe dos clichês é que a vida é feita de escolhas. E é mesmo. E a avó dos clichês é que tudo passa. E passa mesmo. Mas a gente tem que trilhar o caminho para descobrir. Como trilhamos é que é a escolha. Vamos ver se meu coração aguenta mais muitos anos de insanity, porque a outra opção vai acabar me matando cedo demais.

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