quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Então, pra começar uma coisa bem digerível (com trocadilho). Fui assistir a Julie & Julia. E daí que a coisa toda de comida mexeu com a cabeça de todo mundo, basta ver a Fal
, onde se vê que o doutorado no assunto já foi obtido. Fui despretensiosamente, porque achava que comida era para mim um assunto já resolvido. Nunca cozinhei, minha mãe sempre cozinhou, nunca ensinou e nem eu me interessei em aprender. Fiquei casada quinze anos e sempre toureei o almoço e o jantar, e mesmo cozinhar para a filha sempre foi tarefa, nunca prazer. Mas aí, que saí do filme - 1) com fome; 2) com fome existencial. A primeira fome foi fácil de resolver, isso aqui é feito com Miojo, sanduíche, sopa de pacote, essas coisas da alta cozinha, e saudáveis. A outra fome ficou tentando ser digerida dias e dias, e um incidente acabou por resolver a questão. A questão, aliás, não era se eu deveria imediatamente me inscrever em um curso de culinária, mas sim, considerando-se que este era um assunto supostamente resolvido - ou seja, cozinhar não vou mesmo - por que eu fiquei com a sensação de estar perdendo alguma coisa? Sim, porque as pessoas todas parecem ter relações epifânicas ou orgásmicas com comida, tudo parece ser um evento, passar a receita, ir ao mercado, suar na frente do fogão... Acho o máximo, lindo mesmo de ver, mas não me passem a receita, porque na hora que começa o descritivo do modo de preparo eu já abstraí. Bem. A questão então era bem outra, ou seja, meu, devo estar perdendo alguma coisa, certo? Achei que podia passar pela vida sem passar pela cozinha, mas? E daí que, com ajuda, acabei concluindo que sim, que perco alguma coisa, mas todos nós perdemos algumas coisas, né? Então vou perder essa, e o incidente foi uma visita que recebi e que perguntou das funções na cozinha. Ahn? O que ser isso, cozinhar? E poderia ser executado por qualquer das partes. Mas o problema é que isso caracteriza outras coisas. Cozinhar faz parte de brincar de casinha. As meninas brincam de fazer comidinha. Dai acabei concluindo que de casinha eu não quero brincar não. Já fiz a minha parte. Nunca mais? Nunca mais e para sempre são tempos que não existem. Hoje não. Hoje me recuso a brincar de casinha. Amanhã, daqui a meia hora, ano que vem? Sei lá. Hoje quero brincar de outras coisas. E ainda bem que eu posso. E ainda bem que todo mundo pode. E ainda bem que podemos nos dar ao luxo de perder algumas coisas. E as outras que ganhamos que sejam bem aproveitadas.
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9 comentários:
Laaaaaaaineeeeeeee!!!!!!!!
Olha só, também estou correndo de brincar de casinha. Mas, pra mim, cozinhar não significa isso. Cozinhar é coisa que sempre gostei muito e, sem exagero, me realizo na frente de um fogão, principalmente se tiver platéia. Não, não, não sou de nada elaborado, mas sou rápida no preparo das coisas, que ficam bem gostosas. Enfim... não quero brincar de casinha, que na minha cabeça significa cuidar da roupa, da limpeza, dos horário, mas quero continuar cozinhando pra quem amo.
Eu te amo e estou ansiosa por sua visita, pois quero cozinhar pra você!
Lã, querida! primeiro, parabéns por começar um blog. Eeeh! Você vai ver, isso aqui vicia também, é uma catarse poder escrever e talvez, quem sabe, ter alguém por aí lendo estas nossas bobagens... rsrsr...
segundo, não sei se você sabe, mas também não me interessava por cozinha - mas muito por comida - porque sempre fui comilona... e ter as meninas, principalmente a Giu foi o meu empurrãozinho pra virar pilota de fogão, coisa que adoro, mas não todo dia. Só vou nos momentos especiais, de comemorações, convescotes e festas, coisa que não falta aqui em casa... inclusive temos um grupo que se reúne sempre pra cozinhar por temas: massa caseira, nhoque, gingerbread (agora no Natal e Páscoa), chili, fondue... tudo na sua época e rodeado de amigos. Sim, porque essa é a maior motivação pra quem gosta de cozinhar: poder alimentar com comida E afeto as pessoas queridas... não vi esse filme, mas já me disseram que eu deveria. Por que será?? rsrsr
Ah Laine, cozinhar e como escrever: a gente faz pra gente e se os outros aproveitarem melhor ainda.
Não brincar de casinha é uma opção e a gente tem que levantar a mão pro céu por sermos pessoas que tem opção.
Acho que isso é o nosso maior trunfo - chegarmos no ponto onde podemos escolher do que queremos brincar e quando.
Beijos
Parabens amiga!!! muito legal!!
Sabe, para cada ser, uma experiencia, um foco, uma tradução!
Cozinhar para mim já tem um sentido meio ...digamos...alquimico?...bruxistico?...kkk
bjks
Elaine,
parabéns pela iniciativa, fico feliz por você. E é isso mesmo, todos nós perdemos algumas coisas, faz parte. é preciso perder alguma coisa pra ganhar muito.
Bjs
OBA, adorei teu blog novo!
Eu quase não cozinhava. Aprendi qdo fui morar sozinha, mas comer sozinha é chato, então eu cozinhava raramente. Eu gosto de cozinhar mas só qdo estou a fim, sabe?
Beijocas, saudades de vc, moça.
Laine, tu brincas do que tu quiseres, qd tu quiseres, pra já, tou a AMAR ver-te brincar com as palavras. gd beijo,
PS: a gente só perde verdadeiramente o que nos faz falta.
É isso ai,a gente sabe que perde,mas não podemos ter tudo mesmo,então,deixa p/lá e vamos fazer o que reamente nos dá prazer.
Simples assim.
Lindona, te preocupa não. Pra vc eu cozinho a vida inteira. beijos
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