terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Silêncio e a Tempestade


O temporal acabou. É a hora de ouvir as últimas gotas que vão encerrando o que há alguns minutos causou enxurrada, barulho, fechamento de janelas. Tudo fica estranhamente quieto. E é tão semelhante à quietude de antes do temporal. Quando a chuva se anuncia, relâmpagos e trovões, que são manifestos, são precedidos de um silêncio que parece trama do que vem. E estes dois silêncios, assim como tantos outros silêncios, não são iguais, mas ao mesmo tempo têm tanto em comum, feitos de ausências, de ruídos abafados ao longe, de ampliações de ruídos próximos, que mesmo pequenos, marcam a presença em proporção disforme. Durante a chuva é a corrida para lugar nenhum, como se correr na chuva nos tornasse impermeáveis. E afinal, qual o mal de molhar? Por que mesmo nos abrigamos, nos escondemos, esperamos passar ou corremos na chuva? Alguns minutos antes e a vida conspirava em ciclo, chover, evaporar, condensar, chover. On, and on and on. Aí o mundo vem abaixo. E depois o silêncio de novo. E eu devaneio e chovo em feridas antigas e novas. E no meio, a tempestade.

3 comentários:

Isa disse...

AMAY!

claudia lyra disse...

Gente... que jeitão mais "clarisse" esse seu!! Tá ficando boa nisso, hein neguinha?

flordelis disse...

Isa, obrigada :-), Clau, esse é o maior elogio que eu poderia receber, ela é minha ídola. Obrigadíssima :-)