sábado, 6 de março de 2010

Up in the air, or down to the floor?


Fui ver “Up in the Air”. Preparem os impropérios, mulheres – o George Clooney não é bonito como dizem e está bem acabadinho. Mas, ele é ótimo naquilo que faz, vai daí que, bonito, feio, gay (sim, já ouvi essa, sei lá), hetero, whatever. Ele mostra-se à vontade, e a uma altura dessas na carreira é o que se espera de um bom ator. O filme é leve, mas muito, muito interessante. Os homens cheios de si como Ryan Bingham são muito engraçados. Eles não cabem dentro deles mesmos, se esparramam, tomam espaços que nem são deles, e de tão acostumados a pessoas que abrem caminhos, acham que tudo na vida pode ser conseguido com cartões de fidelidade. E aliás, o objetivo máximo do Ryan – vejam só, ladies and gentlemen, que objetivo para se ter na vida – é um número absurdo de milhas acumuladas. E ele mesmo diz que o processo é o que importa, as milhas são seu objetivo primário, e o que ele puder fazer para acumular milhas, seu modo de vida – o homem gosta de comida de avião. E o homem que é tão esperto, tão resolvido, prático, que arruma milimetricamente a mala, e tem tanta milha aérea acumulada, não acumulou milha nenhuma em outras áreas, tanto que acaba caindo em uma armadilha que nem viu de onde vinha – engano de principiante. Interessantíssima é a troca dos papéis que normalmente são clichê – aqui a mulher tem um comportamento que teoricamente é masculino. E ele se comporta como “mulherzinha”. Mas ele sabe, percebe o que está acontecendo, vai vivendo o processo, vai deixando acontecer, deixa a jovenzinha inexperiente falar o que quer, inclusive sobre a marcação de território que os homens gostam de fazer, que está na cena acima – hilária por sinal – fica nostálgico na festa de casamento da irmã, mas seu número de milhas nessa área está bem modesto, e ele acaba resolvendo ter um arrebatamento que acaba em desastre. É uma surpresa agradável o final que não se encaixa no esperado – ou desejado, porque tendemos a querer finais felizes, sem entrar no mérito de feliz para quem. Penso que as mulheres tendem a gostar do final, os homens nem tanto, especialmente os bem resolvidos, bem posicionados, com milhares de milhas acumuladas. Separar as coisas é bom. Deixá-las separadas é difícil. Os entremeios, cantos obscuros, imprevistos da jornada, entrelinhas, coisas com tentáculos que vão se estendendo, se derramando, invadindo, são a parte divertida.

3 comentários:

Claudia F disse...

amei.

Luci disse...

vou ver. disseram ser a versão masculina da mulé bem sucedida..rs!
bj
ps: eu não gosto dele, mas amo o John Travolta...4ever!

Suzi disse...

Tõ louca atrás do livro. Vou ler e depois te conto.
bjs