segunda-feira, 31 de maio de 2010
Eu simplesmente não consigo só sentir e pronto. Eu analiso. E isso é uma fonte de sofrimento inútil. Mas é assim, e às vezes pode ser interessante.
Já pensei muito e até já escrevi sobre amor-paixão-arrebatamento, em como eles são diversos e como é revelador perceber as diferenças entre eles. E já concluí também que gosto muito mais do arrebatamento, que é o que ao mesmo tempo me tira e me dá fôlego, é a bomba nuclear que fornece energia para o meu coração, porque meu coração não funciona com qualquer combustível. Agora descobri as relações entre os três, e está sendo divertido pensar nisso, passando pela dor e chegando às conclusões.
Basicamente, os três não são mutuamente exclusivos, são intercambiáveis, podem acontecer ao mesmo tempo, mas suas existências são independentes, se um se extinguir não significa necessariamente que o outro - ou outros - vá morrer também.
O mais instigante, porém, foi me dar conta dos meus mecanismos. De todas as combinações mais entusiasmantes, percebi que consigo muito facilmente arrebatamento sem paixão ou amor, o que é muito confortável, foi o que mais produziu momentos memoráveis na minha vida toda. É o melhor porque é mais saudável, mais divertido e mais leve. Não pergunta, apenas é.
Mas o contrário não dá. Paixão, amor, ou qualquer derivado ou subproduto deles, you name it, identificação de qualquer tipo, sintonia, harmonia, planos, blábláblá, por mais lindo que pareçam, se não tiver arrebatamento, simplesmente não funciona. É triste e parece vazio e fútil, e deve ser mesmo, mas é o que é.
Já tive a ausência dos três, e isso foi quando morri.
O mais perigoso, porém, é quando os três acontecem juntos. Esses momentos não sei se quero de novo. São sublimes, porém quando vislumbramos um pedacinho que seja desse lugar onde isso acontece, fica difícil demais achar o caminho de volta. E lá não dá pra ficar, é um lugar por definição efêmero, não dura, tem prazo de validade.
And then it hits me. Eu descubro em mim as razões que de outra maneira não havia conseguido captar inteiramente. Ou aceitar. Mas olhando no espelho, lá está de novo o outro. E então não me vejo, já não sei mais para onde fui.
domingo, 30 de maio de 2010
Are you ready to go down the rabbit hole?
Então finalmente atrasada fui lá ver Alice. Que aliás é Alice através do espelho e não na Wonderland. A Wonderland ficou para trás até para a Alice. Adorei tudo, desde o mais óbvio que é o Mad Hatter até o sutil mas muito interessante relacionamento que a Rainha Branca tem com o mundo, ela mal anda, ela flutua, é cheia de não-me-toques, e tem nojo das coisas nojentas, e vive naquele castelo onde tudo é branco, branco, branco, e como sempre a malvada vive no lugar mais cool, com jardins, com vida, apesar de ser cercada pela falsidade, se é que se pode chamar alguma coisa de falsa onde antes do café da manhã já é possível contabilizar seis coisas impossíveis.
Os clichês todos são muito bem apresentados, é tudo muito bonito, eu não discuto se poderia ter sido feito melhor, porque não fui com olhos críticos, fui só querendo aproveitar mesmo, entrar na fantasia, que é o que venho tentando fazer. Mas, como Alice, fico pensando, é só um sonho, é só um sonho, esperando sempre acordar, seja bom ou ruim.
Meus mad hatters são mesmo suportes interessantes, todas as mulheres deveriam ter seu (no mínimo um) mad hatter, providencial em tantas ocasiões, com vários outros nomes que não quero discutir aqui, cada mulher sabe o nome que dá ao seu mad hatter, e a função que atribui a ele em um determinado momento.
Quando eu tiver a coragem de fazer a viagem down the rabbit hole, com certeza quero ir para o castelo da Rainha Vermelha, eu não quero flutuar nem salvar o mundo, a tirania me agrada, a malvada é castigada, eu sei, mas eu só quero a parte boa de ser malvada. E nós podemos escolher, Alice mesmo diz, I make my path. Demorou né? Pra descobrir que ela tem escolha. E ela até já sabia, porque fugiu do lorde e das centenas de pessoas olhando para ela, esperando que ela dissesse o que deveria dizer. Aliás essa situação se repete para ela. E para nós. Quem já não sentiu isso? Todo mundo olhando esperando você dizer "sim" ou "não". Ou seja lá o que for. Eu sinto um certo prazer em dizer o contrário, e já me perguntei inúmeras vezes o porquê da rebeldia, mas acho que é sem causa mesmo, é só pelo prazer de ser do contra e mostrar que ninguém manda em mim. Infantil? Alice é infantil?
Além disso, a Rainha Branca deixa a escolha com a Alice - afinal de contas, quando ela estiver cara a cara com o Jabberwock, ela vai estar sozinha.
"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!"
O trecho é de um poema do próprio Carroll, de onde saiu o monstro. Não importa de onde saiam os nossos monstros, nós vamos sempre estar sozinhos lá para matá-los. Por isso eu me dou o direito de escolher os meus monstros, se e quando eu vou lá lutar com eles, por quê e como, e no final, decido se vou ser magnânima e deixá-los viver ou se vai ser OFF WITH HIS HEAD!!!!!!!!!!!!
terça-feira, 25 de maio de 2010
As pessoas julgam. O mundo parece um grande tribunal onde todos carregam um punhado de rótulos que vão pregando na testa dos outros conforme lhes apetece, e fazendo uso do direito que se conferem de saber o que seria melhor para a vida do outro. Sim, porque todos sabem o que é o melhor para a nossa vida.
Estou rebelde com esse assunto porque ultimamente tanta gente vem me sentando na cadeira dos réus, e estou com tantos rótulos pendurados, que acho que nem preciso mais cuidar da minha vida, porque todo mundo sabe o que seria melhor para mim (menos eu, é claro, porque não estou fazendo o que é normal, saudável, recomendável e aceitável).
Os conselhos vêm de todos os lados, sempre sábios, mas "despretensiosos", inroduzidos com "me desculpe falar, mas...", "só vou dizer isso porque gosto muito de você". Não gosta, não. Você não tem é guts para fazer o que eu faço, então me julga.
Só não entendo porquê a minha vida é tão mais interessante de fora, já que estou merecendo esse emprego de tempo por parte de tanta gente. Ou é a vida dos outros que anda tão boring que a minha parece fascinante.
Queria que o mundo tivesse mais espelhos.
Mentes brilhantes
As mentes brilhantes me fascinam. Descobri isso ao conhecer a segunda mente brilhante em um curto período de tempo, e como bônus, consegui finalmente compreender melhor a primeira. São pessoas que parecem não pertencer, estão lá mas não estão, e algumas vezes pensamos que nós é que parecemos não estar lá para elas. Mas não, agora sei que na verdade existe uma dificuldade de contato com o outro, o mundo dessas pessoas é diverso, e existem pontes, mas nem sempre elas estão dispostas a atravessá-las. Ou simplesmente não estão vendo. Trabalham muito, são os melhores no que fazem - e sabem disso. Sabem muito, vivem pouco. Ou fingem que vivem. Clever, witty, nonsense. O ar de ausência. A distância de centímetros, algumas vezes milímetros, parece ser de quilômetros, porque habitam lá nos meandros cerebrais, estratégicos, psicodélicos, etílicos, criativos e solitários.
Os gênios são solitários. Outras formas de ausência talvez doam menos, a ignorância é uma bênção.
Mas o mundo deles me fascina. Vislumbrar dentro dos olhos aquele lugar distante é hipnotizante. E por mais inacessível que pareça, as pontes estão lá. Às vezes inundadas. Às vezes cobertas de areia do deserto. Outras vezes parecendo irremediavelmente partidas. Ou em chamas. Algumas de fato são destruídas. Mas o mais brilhante e fascinante dessas mentes é que elas sempre constróem outras pontes, e essas pontes sempre acabam visíveis dentro dos olhos.
No dia a dia é muito bom viver com average people. Parecem mais reais, concretas, e isso é bom para a saúde, para a auto-estima e para a manter a sanidade. Mas seus olhos são vazios.
As mentes brilhantes são sempre ocasiões, eventos. Porque dentro de seus olhos vejo pontes, cuja outra extremidade vem acabar nos meus.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Eu descobri que não sei o que eu quero. E que o já clichê "cuidado com o que você pede" é verdadeiro. Porque quando eu vou pedindo coisas a esmo e elas caem nas minhas mãos eu não sei o que fazer com elas. Bom é que o que eu não quero eu sei. E é confortante saber que posso mudar de ideia na hora que me der na telha, e não, obrigada, não quero a opinião de ninguém. Aliás é impressionante como nossas certezas inquestionáveis e absolutas não valem absolutamente nada. Só fica difícil definir se nos enganamos com a primeira certeza ou com o fato de perceber que ela não valia nada. Palavras são só isso mesmo, não dá pra escrever nem o que eu mesma digo. Tudo isso deixa as coisas emocionantes, mas eu estou sempre on the edge, qual vai ser a próxima surpresa, porque ultimamente as surpresas têm sido péssimas, estupefacientes, matadoras. E eu cansei de ficar de olhos arregalados na escuridão tentando entender. Outro motivo porque ainda não consegui estabelecer o que eu quero é não saber se sou eu mesmo que quero ou minha parte na consciência coletiva, porque quando começo a querer o que os outros querem, quando experimento é um desastre. E por aí se vê o que vai dentro da cabeça, até querer para mim é uma experiência discutível. Vou ter que me contentar com os raros momentos de recostar a cabeça e admirar a paisagem. Que eles se tornem mais presentes.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
E voilá. Ainda tracei um plano de voo, porque também sair voando sem rota não dá. Mas consegui sentar na janelinha e só apreciar a vista lá de fora. É nublado, não é uma vista assim de tirar o fôlego, mas por ora é uma vista. E nem me preocupei em saber como é que funciona o avião. A rota eu sei, o destino, nem quero saber. Acabei de encostar a cabeça para apreciar a beleza.
domingo, 16 de maio de 2010
Esta semana o balé foi tradicional, com direito a tutus, pompa e circunstância, sem modernidades. Fui com o coração aberto como sempre, e como sempre a beleza me impressionou. Sem nem entrar em detalhes de corpos, figurinos e música perfeitos, consegui ter uma ideia do que impressiona. O que impressiona é a beleza, por si só. Eu me emociono porque é bonito, porque capto a beleza que emana da arte. Então eu tenho que estragar tudo e começar a pensar. Começo a elucubrar o quanto de dor tem por trás do resultado final, o quanto custou em suor, dor e lágrimas para os bailarinos atingirem a perfeição do movimento, o quanto de problemas grandes e pequenos, técnicos, logísticos e administrativos aconteceram para tudo funcionar direito, como foi o planejamento, a ideia, a coreografia, a programação. Daí me perco em pensamentos e metade da beleza deixo escoar pelo ralo devaneando.
E mais grave ainda, me ocorre o que eu tenho feito com a minha vida, algo bem semelhante. Eu penso. Vários movimentos tão belos quanto os pas-de-deux ou crescendos da música têm me acontecido. Mas eu estrago tudo pensando. E acho que não sou a única. As coisas acontecem, elas vêm, elas simplesmente são, e eu queria mesmo era aceitá-las como elas são e pronto, mas não. Em tudo precisamos saber por quê e como. Qual é a melhor maneira de criar um filho? Qual é a carreira que eu quero seguir? Que amigos eu vou ter, com quais posso contar? Com quem vou ter o mais complicado de todos os relacionamentos? O que é isso que sinto por você? Devo fazer essa mudança, de cidade, de trabalho, de casa? Faço terapia? Bebo? Fumo? São tantas, tantas escolhas que não sobra tempo para encostar a cabeça, assistir e apreciar a beleza.
Eu preciso parar de perguntar.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Os livros que eu não quero mais estão empilhados no chão esperando uma destinação. Existem caixas e sacolas com coisas dentro que eu não sei para onde vão. A poeira que acabou de ser tirada vai se depositando de novo, as coisas quebram, são corroídas, mofam, o frio começa a me encurralar cada vez mais para dentro. As pessoas vão passando pela casa, pela correspondência, por dentro de mim, e eu acabei me perdendo em algum lugar do caminho de tal maneira que já nem sei mais onde estou agora. As pedrinhas que fui tentando jogar para achar o caminho de volta se misturaram à paisagem, a fé que eu tinha nelas começa a se esvair. As coisas não andam como deveriam, por uma miríade de razões que vão da prosaica chuva que atrasa alguma coisa ao mais profundo desespero que desanda tudo, toda uma vida. E por nada. É uma epifania ao contrário, serendipity às avessas, e eu me sinto parada no meio do nada com alguma coisa na mão que nem é minha e sem saber o que fazer com ela, mesmo porque nem sei do que se trata. Minhas estimativas erradas de tudo me decepcionam, principalmente quando me revelam que eu não entendo nada de gente. E nem gosto de animais, então o que vai me restar? E o vazio do nada-me-resta que vem à tona no meio de pessoas, festas, trabalho, multidão, e eu continuo sozinha, assim como nasci assim como vou morrer, todos sabemos, assim como sabemos de muitas outras coisas. Mas saber é uma coisa, vivenciar é outra bem diferente, porque a dor passa de teoria para adagas no coração. E o inverno não ajuda nem um pouco, porque acabou de se instalar fora e dentro.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
segunda-feira, 10 de maio de 2010
"Ao olhar o outro, medimo-nos. A imagem nos trai diante do delírio das formas caleidoscópicas que causam uma espécie de desconforto ao nos fazer perceber a volátil matéria que preenche a moldura de carne. E dizemos interiormente: o outro também sou eu." Maurício de Oliveira, coréografo.
Fui assistir ao espetáculo de dança da São Paulo Companhia de Dança, "Os Duplos". Além do talento dos bailarinos, a criação do coreógrafo é fascinante. os bailarinos como que se multiplicam no espaço, e vemos isso com os movimentos deles e com uns em relação aos outros. E há no palco telas transparentes e paineis, que vão reforçando as relações, ao mesmo tempo e que as deixam com jeito de etéreas, ambíguas. Os duplos referem-se aos bailarinos entre si e consigo mesmos, e à relação entre eles. A beleza e leveza dos movimentos e das imagens que as telas criam me trouxe ideias da complexidade de nossa relação com o outro, independente dos outros que temos em nossas vidas.
O que tenho presenciado e vivido tem sido extremamente decepcionante. Pouquíssimos dos meus outros me trazem alegrias.
Às vezes quando leio algum texto em alguma obra antiga, fico fascinada com a noção de "palavra" em um universo onde não havia promessas sacramentadas em contratos, compromissos, obrigações, com assinaturas, reconhecimento de firma e autenticação, quando bastava-se dizer e estava dito, sim era sim, não era não. O mundo seria bem menos complicado se o que saísse de nossa boca fosse o que nasceu no cérebro ou no coração. Se digo que faço, faço, se digo que é assim, é assim, não de outro jeito. Não há mentiras, subterfúgios, concatenações, armações, planos. Só o que estou dizendo mesmo.
Ao ver os bailarinos dançando em par e atrás da tela transparente seus duplos reproduzindo seus movimentos, senti como, principalmente em relacionamentos a dois, vamos dançando no palco principal e lá ao fundo vai acontecendo outra coreografia, aparentemente muito semelhante, mas com diferenças sutis. Vamos desfilando nossos movimentos que vão dizendo - sou isso, espero isso, quero isso, gosto disso, faço assim, mas lá ao fundo outra história vai acontecendo, e vamos, nós e nossas almas, cada um para um lado. Independente da perspectiva por onde se olhe, não existe comunicação verdadeira entre duas pessoas, pelo menos não verbal. As palavras acabam arruinando em vez de servirem de ponte de alma para alma.
O que eu digo chega aos ouvidos outros distorcido, passando sabe-se lá por que canais que distorcem meu pensamento, minha voz, meu tom. E quando chega ao outro lado passa por outros filtros que condenam o que saiu da minha boca a chegar transformado muitas vezes no total oposto.
Isso quando o outro digna-se a ouvir, porque o que tenho visto são portas fechadas, ouvidos cerrados, assuntos encerrados, sem opções de caminhos. Falta tempo. Falta disposição. Falta vontade.
As pessoas talvez tenham se cansado de ouvir, ou talvez esteja fora de moda dizer não, então fingem que ouvem e concordam, preferem disfarçar, maquiar, enfeitar. Ou talvez sintam-se pressionadas, forçadas a compromissos que não queiram, só porque conversar, trocar com o outro, pode ser comprometedor, dá trabalho, porque temos que crescer, nos esforçarmos, sermos adultos e nos doarmos ao outro. E recebermos dele o que pode vir a nos trazer alegrias inusitadas para as quais não temos tempo e não estamos preparados. Eu sou tão limitado, que se der um pouco de mim, me consumo.
Eu que trabalho com a palavra lamento tanto que ela tenha perdido o valor em todos os sentidos. E sem ela para servir de fundamento até outros tipos de comunicação saem perdendo. E todos nós perdemos. Estou profundamente triste porque hoje perdi mais um pouco da minha fé na humanidade como atributo. Porque a palavra, que é um privilégio humano, está nos afastando.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Existem muitas coisas que eu definitivamente não sei fazer. Já disse que não sei dançar, e quando tentei, pisei nos pés de quem dançava comigo, invadi territórios e a música saiu de tom. Falando em territórios, tenho dificuldade em ver linhas demarcatórias, e acabo ultrapassando-as sem nem perceber e sem nenhuma intenção. Eu não sei mentir, e isso é de uma inconveniência imensurável. Eu não sei mentir nem para ser gentil, a minha sinceridade é de uma voracidade ingênua, eu sempre acho que ser honesta é a melhor política. Mas não é. As pessoas esperam mentiras brancas, azuis, verdes, querem ser enganadas, ainda que saibam o que está acontecendo. Eu não sei nem fingir que alguma coisa está me agradando, e nem o contrário, não sei desdenhar para fingir o que não quero, o que eu quero eu digo, mas nem sempre as pessoas gostam de ouvir, ou simplesmente não querem. E no entanto, eu tenho nas mãos uma caixa de Pandora. E sou a última pessoa que deveria ter uma. Perdi a chave da minha caixa, e ela fica lá, destrancada, e a qualquer momento alguma coisa sai de dentro dela. Já saíram furacões, enchentes, cataclismas. E também coisas menos arrasadoras, mas nem por isso menos dolorosas, porque o conteúdo da minha caixa de Pandora só se volta contra mim mesma, por mais que pareça que destruiu os arredores, é como um buraco negro, volta para dentro. E ainda assim, eu não me dou ao trabalho de procurar a chave. Mas eu estou tão cansada. Pensei em ceder e aprender a andar no mundo de caixa fechada, adaptar, conformar, encaixar, sorrir e balançar a cabeça, fingir que não vi, que não doeu, que não foi comigo, que existe uma justificativa. Eu quero desistir, mas o sol insiste em nascer todos os dias.
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