Então finalmente atrasada fui lá ver Alice. Que aliás é Alice através do espelho e não na Wonderland. A Wonderland ficou para trás até para a Alice. Adorei tudo, desde o mais óbvio que é o Mad Hatter até o sutil mas muito interessante relacionamento que a Rainha Branca tem com o mundo, ela mal anda, ela flutua, é cheia de não-me-toques, e tem nojo das coisas nojentas, e vive naquele castelo onde tudo é branco, branco, branco, e como sempre a malvada vive no lugar mais cool, com jardins, com vida, apesar de ser cercada pela falsidade, se é que se pode chamar alguma coisa de falsa onde antes do café da manhã já é possível contabilizar seis coisas impossíveis.
Os clichês todos são muito bem apresentados, é tudo muito bonito, eu não discuto se poderia ter sido feito melhor, porque não fui com olhos críticos, fui só querendo aproveitar mesmo, entrar na fantasia, que é o que venho tentando fazer. Mas, como Alice, fico pensando, é só um sonho, é só um sonho, esperando sempre acordar, seja bom ou ruim.
Meus mad hatters são mesmo suportes interessantes, todas as mulheres deveriam ter seu (no mínimo um) mad hatter, providencial em tantas ocasiões, com vários outros nomes que não quero discutir aqui, cada mulher sabe o nome que dá ao seu mad hatter, e a função que atribui a ele em um determinado momento.
Quando eu tiver a coragem de fazer a viagem down the rabbit hole, com certeza quero ir para o castelo da Rainha Vermelha, eu não quero flutuar nem salvar o mundo, a tirania me agrada, a malvada é castigada, eu sei, mas eu só quero a parte boa de ser malvada. E nós podemos escolher, Alice mesmo diz, I make my path. Demorou né? Pra descobrir que ela tem escolha. E ela até já sabia, porque fugiu do lorde e das centenas de pessoas olhando para ela, esperando que ela dissesse o que deveria dizer. Aliás essa situação se repete para ela. E para nós. Quem já não sentiu isso? Todo mundo olhando esperando você dizer "sim" ou "não". Ou seja lá o que for. Eu sinto um certo prazer em dizer o contrário, e já me perguntei inúmeras vezes o porquê da rebeldia, mas acho que é sem causa mesmo, é só pelo prazer de ser do contra e mostrar que ninguém manda em mim. Infantil? Alice é infantil?
Além disso, a Rainha Branca deixa a escolha com a Alice - afinal de contas, quando ela estiver cara a cara com o Jabberwock, ela vai estar sozinha.
"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!"
O trecho é de um poema do próprio Carroll, de onde saiu o monstro. Não importa de onde saiam os nossos monstros, nós vamos sempre estar sozinhos lá para matá-los. Por isso eu me dou o direito de escolher os meus monstros, se e quando eu vou lá lutar com eles, por quê e como, e no final, decido se vou ser magnânima e deixá-los viver ou se vai ser OFF WITH HIS HEAD!!!!!!!!!!!!
2 comentários:
Porra, visto assim o filme é lindo :)
Ah Isa, que lisonjeiro :-)
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