quinta-feira, 26 de agosto de 2010


Algumas coisas são tão naturais, descomplicadas e fáceis, que parece "certas".

Mas, nem sempre o que é certo é bom, e nem sempre o que é bom é certo. E quem foi mesmo que estabeleceu o que é certo? E o que é bom? Para quem?

Quando parece certo e é bom, não é bom, é ótimo, mas na atual conjuntura, se continuasse sendo bom e parecesse errado, aí é que eu ia querer mesmo, só para não perder o hábito de contrariar o que é certo, que para mim, por definição, é chato.

Então, certo ou errado, não faz a menor diferença. O que interessa é que é bom. E vai ficando cada vez melhor.

domingo, 22 de agosto de 2010



Onde e em que momento é cedo e quando é tarde demais?

O tempo vai escoando em uma confusão de sentimentos, de fatos, de mudanças, de experiências. E tudo dá tantas voltas e eu acabo no mesmo lugar.

Em que ponto do caminho eu perdi a coragem?

Já sei que não é cedo ainda, mas será que passou a hora, o momento, será que é possível que eu tenha deixado passar a única coisa que não poderia?

Será que um dia essas perguntas terão respostas? Quem tem as respostas também não tem coragem, nem para admitir as perguntas.

And the clock goes on ticking. I know what to do. Just can't figure how.

sábado, 21 de agosto de 2010



O poder corrompe.

O poder de sedução, então, é cruel. Chega a ser uma covardia.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

One of a kind




Isto é tão gentil e tão bonitinho que não resisti pôr aqui, e quem pergunta para que gostar de gentilezas com certeza está no aquário da esquerda.

Think about it? There's only 6 maybe 7 billion people on the earth -- 1/2 are women. 3/4 are ugly -- and the remaining pool more than 1/2 are taken (married) a significant number are lesbians. Then we have to further cut the number down so as to eliminate all American women (BTW, they're too fat -- I like a woman that's fit and carries herself well -- hmmm..like you). So anyway, the Latin American woman for the most part don't speak English (and really good --- hmmm....again like you) and divide by 12 any number you come up with -- because only 1/12 of them are Libras. So, discount any woman from Rio -- not my style -- meaning I like a serious woman -- and I doubt you could come up with anyone else besides yourself?


Publicado com autorização do autor.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Los Porteños



Voltando de B. A., onde tudo é bom, gastronomia, cidade, bares, cafés, pubs, restaurantes, tango, enfim, tudo mesmo, tenho que dar destaque a los porteños.

A bobagem toda de futebol que nos faz odiar los hermanos é isso mesmo - bobagem de futebol. Sim, eles endeusam o sem-noção-mor, mas aqui também se fala demais de futebol. Só que eles são muito mais que isso.

Os homens de Buenos Aires - e diga-se, todos, de todas as idades e posições - são maravilhosos. São bonitos, cheirosos, educados, mas isso é literalmente só perfumaria, porque aqui também tem disso, mas o que me impressionou foi a educação, o galanteio, puxar a cadeira, abrir a porta eu já conhecia mas... ao se fazer menção de vestir o casaco - goooooooood! Os homens correm para não deixar uma mulher vestir o casaco sozinha. Eu nem sabia que existia isso.

Enfim, aproveito para deixar meu protesto às mulheres que exageraram na defesa de direitos iguais, porque só tivemos prejuízo. Eu gosto de quem me trata como mulherzinha. Gosto muito de respeito com a minha capacidade - profissional, emocional, pessoal. Mas eu sou mulher. Fisicamente mais delicada, então por favor carreguem o peso para mim. E não me deixe do lado de fora da calçada. E o básico, né? Abrir a porta e puxar a cadeira, obrigada. Se vestir o meu casaco então, pronto, eu me rendo.

Só arrematando, a cidade é maravilhosa, quem não foi ainda vá, e mulheres, levem os casacos. Não é à toa que o símbolo máximo da cidade é o obelisco.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Parece que finalmente comecei a acertar o passo. Vou ali a Buenos Aires ver como se faz, volto semana que vem, as danças me aguardam.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010



Eu passei tanto tempo recolhida de mim mesma que agora que saí de novo para dentro de mim e consequentemente me voltei para fora porque esta é a minha natureza, que eu resolvi reclamar de volta a qualquer custo, que estou maravilhada com a diversidade das pessoas.

Me assusta um pouco a superficialidade que tenho visto, algumas pessoas parecem querer abraçar o mundo mas na verdade estão perdendo tudo, porque não sabem que quantidade não tem nada a ver com qualidade. Palavras são jogadas ao vento como se nada tivesse consequências, mas aprendi a respeitar isso também, cada um vive na profundidade que escolhe.

Por outro lado, tive surpresas maravilhosas, descobri as minhas mentes irmãs, foi um alívio encontrar minhas próprias ideias em outras cabeças, e uma alegria. Muitas vezes me enganei, achando que falava a mesma língua que alguém que acabou demonstrando que não era bem assim, mas não importa, sempre estive e vou sempre estar aberta, quando eu quero saber a temperatura da piscina eu pulo na água, não ponho só o pezinho. Isso machuca às vezes, mas a experiência enriquece - pobreza é evitar arriscar por falta de coragem.

Cada uma dessas surpresas boas compensa de longe as decepções que são tão pequenas e rápidas. A última foi quase surreal. Inesperada mesmo. Entrei totalmente no escuro, tateando à luz de velas, literalmente. A boa música ajuda a transportar para outro mundo, um mundo de alguém que não tem medinho, de outra alma que caminha, sem procurar, mas se acaba encontrando, não teme dar e receber, não para para pensar nos prós e contras, nos riscos - simplesmente vai. E tenho visto que há muitas assim. E ter como objetivo essa troca, não importa por que motivos, por quanto tempo, é o mais fascinante do caminho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



Há tanto tempo eu caminho à beira do abismo que já me habituei, e nunca pensei que me acovardaria. Mas os últimos passos têm sido vacilantes, porque as curvas anteriores me fizeram escorregar. Deslizei muitas vezes, em algumas pensei que o vazio me engoliria, mas não - finquei o pé de volta.

Conforme vamos nos acostumando aos perigos do caminho, ou ganhamos mais confiança ou deixamos o medo se instalar de vez. Eu fui ficando mais confiante, mas uma coisa começou a me incomodar.

Podemos escolher caminhar sozinhos, e em boa parte do meu percurso desejei e cumpri isso de coração, eu amo minha própria companhia, é o que me dá força, é o aprendizado. Porém em determinados momentos me agrada que alguém caminhe ao meu lado. E o que me incomoda é não encontrar ninguém digno de tal feito.

Às vezes tem alguém lá, independente de quanto tempo me acompanha, os primeiros passos são sempre os mais fáceis. E observe-se - não quero ninguém atrás de mim, nem à minha frente. Só ao meu lado, e na confortável posição de eu estar entre ele e o abismo. E eu nem peço para segurar a minha mão. Basta não me empurrar.

Mas mesmo assim vão ficando todos pelo caminho. Uns se afastam depois de alguns passos e voltam para o lado mais seguro, onde vários tipos de montanha garantem seu suporte (cada um se apoia na montanha que merece); outros simplesmente sentam no chão e empacam, e se eu olhasse para trás veria inúmeras figuras lá onde ficaram ao longo do caminho, ainda no mesmo lugar. Mas eu não olho. E há ainda os que saem correndo na direção oposta, ou em qualquer direção, que seja longe do perigo.

E o caminho ainda é longo, e o receio que se insinua não pode se instalar, senão quem vai empacar sou eu. E não vai ser agora, depois de toda essa subida íngreme que eu já deixei para trás, que eu vou parar e sentar no chão. A menos que seja para apreciar a paisagem.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010



A maldição desses anjos é que são eles ou ninguém, e por mais que a noite seja suave de bar em bar, em algum momento a brincadeira com o fogo acaba queimando mesmo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Draconis, metus et alii



Felix qui potuit rerum cognoscere causas atque metus omnis et inexorabile fatum subiecit pedibus . . .
(Georgics, Virgil 2.490-492)


*Atendendo a pedidos, a tradução (mais ou menos que meu latim já se foi faz tempo):
De dragões, medo e outros
"Feliz daquele que consegue entender as causas das coisas e ter sob seus pés todos seus medos e destino inexorável"

É marcante como quem mata o dragão é sempre o heroi, quer dizer, o homem. Na grande maioria das histórias - senão em todas, não me lembro de alguma dragon slayer mulher - o dragão é perfurado pela espada masculina (não discutamos a simbologia). E em geral é para salvar a mocinha que está em perigo. E isso se solidifica tanto, entre outras variações do mesmo tema com outros bichos e outras armas, que grande parte das mulheres ainda acha que precisa do salvador com a espada.

Não sou contra salvadores com espada, acho até bem conveniente, porque depois que algumas mulheres inventaram a igualdade, tudo passou a dar muito trabalho e onde bastava piscar os olhinhos agora tem trabalho duro. Os salvadores com espada são úteis em inúmeras situações, e estão rareando. O que se vê muito é o contrário, os homens com medinho dos dragões, dos compromissos dentuços, da intimidade que solta fogo pela boca, do trabalho danado que dá vestir a armadura para que ninguém se aproxime.

Eu não preciso (meus olhos não são azuis como os da imagem, mas eu também sei segurar uma espada) do salvador, mas gosto de ficar na torre esperando o homem da espada. Agora que descobri que ainda existem homens com espada, ficou mais divertido. Salvadores que se jogam, que conversam, abrem suas portas sem medo de invasão, compartilham suas vidas sem medo de entrar eles mesmos no calabouço. Homens que sabem que não são as mulheres que têm as chaves das jaulas onde supostamente querem trancá-los, sabem onde estão os verdadeiros dragões que eles têm que enfrentar.

Esta paisagem é sempre linda. Este último fim de semana o sol e o céu azul colaboraram para torná-la ainda mais deslumbrante. O frio em geral não me agrada, mas passar frio lá é obrigatório. A temporada acaba, outras coisas começam, entrei em um trem cujo destino não sei, e nem quero saber. Just enjoying the ride.