domingo, 16 de maio de 2010



Esta semana o balé foi tradicional, com direito a tutus, pompa e circunstância, sem modernidades. Fui com o coração aberto como sempre, e como sempre a beleza me impressionou. Sem nem entrar em detalhes de corpos, figurinos e música perfeitos, consegui ter uma ideia do que impressiona. O que impressiona é a beleza, por si só. Eu me emociono porque é bonito, porque capto a beleza que emana da arte. Então eu tenho que estragar tudo e começar a pensar. Começo a elucubrar o quanto de dor tem por trás do resultado final, o quanto custou em suor, dor e lágrimas para os bailarinos atingirem a perfeição do movimento, o quanto de problemas grandes e pequenos, técnicos, logísticos e administrativos aconteceram para tudo funcionar direito, como foi o planejamento, a ideia, a coreografia, a programação. Daí me perco em pensamentos e metade da beleza deixo escoar pelo ralo devaneando.

E mais grave ainda, me ocorre o que eu tenho feito com a minha vida, algo bem semelhante. Eu penso. Vários movimentos tão belos quanto os pas-de-deux ou crescendos da música têm me acontecido. Mas eu estrago tudo pensando. E acho que não sou a única. As coisas acontecem, elas vêm, elas simplesmente são, e eu queria mesmo era aceitá-las como elas são e pronto, mas não. Em tudo precisamos saber por quê e como. Qual é a melhor maneira de criar um filho? Qual é a carreira que eu quero seguir? Que amigos eu vou ter, com quais posso contar? Com quem vou ter o mais complicado de todos os relacionamentos? O que é isso que sinto por você? Devo fazer essa mudança, de cidade, de trabalho, de casa? Faço terapia? Bebo? Fumo? São tantas, tantas escolhas que não sobra tempo para encostar a cabeça, assistir e apreciar a beleza.

Eu preciso parar de perguntar.

2 comentários:

Luci disse...

hehehehe!
aceite tudo que vem
selecione o que lhe convem
no mais, 100questionamentos.
respire e siga em frente.
simples, né?!
a teoria, agora a pratica são outros 500s!
beijo

Suzi disse...

Ó, se não sobrar nenhuma sacola de livros pra mim, desses aí q vc não quer mais, tu é uma mulé morta! E não esqueci q estou com um seu. Devolvo no nosso próximo encontro, ó que chique!
E, ó de novo: prova e faz caderninho de aptidões, faz?
bejo