terça-feira, 14 de junho de 2011

Run Lola Run



Os meios de transporte acabaram virando cúmplices da minha insanidade. Eu entro no carro, saio do carro, faço e desfaço as malas pra depois fazer de novo e empreender uma odisseia para chegar ao aeroporto, ônibus, carro, táxi, avião, eu vou, eu vou indo, eu vou perseguindo em vão o que cada vez mais tenta fugir de mim, e o que cada vez mais suscita perguntas sem respostas, atos que não combinam com palavras, erros cometidos, palavras traiçoeiras, enganosas, com vida própria, saindo na hora errada, palavras duras, palavras tristes e cansadas, e mesmo as que deveriam ser doces já saem com o fundo de amargura, esse amargo na boca, o engolir em seco, o soco no estômago, a faca no coração, a dor, a dor, a dor. E ainda assim eu vou indo, às vezes me deixando placidamente ficar, às vezes esperneando e arrastada, mas eu continuo. O tempo já estabeleci, do espaço desisti, já nem sei por onde andei, deixei tudo para trás, eu sei, eu sei que chegou a hora de retomar o que eu fui deixando pelo caminho, mas ainda não consigo parar.

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