sexta-feira, 1 de julho de 2011



“Expose yourself to your deepest fear; after that, fear has no power, and the fear of freedom shrinks and vanishes. You are free.” — Jim Morrison


Eu pedi um sinal. Vieram vários. Eu achei que não era possível tanta auto-tortura. Minha falta crônica de modéstia me permite dizer que não sou nem um pouco burra, como é que em determinados assuntos eu consigo ser tão obtusa? Agora auto-adjetivação devidamente feita, nestes últimos dias ouvi lições óbvias de quem me conhece profundamente há muito, muito tempo e também se espanta e diz - onde está a pessoa que mora aí mas está se escondendo?

Bem, lendo isso aí de cima parece que coroou-se o despertar. O que está me podando, acorrentando minhas pernas, algemando minhas mãos e me amordaçando é o medo. Rá, que novidade. Mas o medo tinha virado pavor, pânico, mas pavor, pânico de que? A dor já não está incomodando? O que pode ficar pior? Mudar de dor? Pelo menos a alternativa tem perspectiva de acabar, esta não.

Então a ficha caiu. O verdadeiro pulo, aquele que eu venho ensaiando e de verdade, de verdade só fingi que dei, é este. É o pulo dentro daquilo de que eu mais tenho pavor. A liberdade é dolorosa. Ela é dura de conquistar, e muitas vezes tem gosto amargo. Mas a escravidão não é melhor, é só mais confortável. Moisés ouviu muita reclamação no deserto. Onde já se viu, o faraó pelo menos dava água, e o Moisés levou todo mundo pro deserto e enlouqueceu querendo que todos se afoguem no Mar Vermelho. Blá, blá, blá.

Mas um dia alguns de nós temos sorte de achar nosso Mar Vermelho, de olhar a fera nos olhos. De puxar a espada. De confiar no que vem, ainda que doa, ainda que seja o deserto árido. Porque Canaã está lá, todo mundo tem a sua. Nem todos encontramos, e ela nem sempre é a terra que esperávamos, chegamos a ter saudades dos maus tratos do faraó, mas é o destino dos escolhidos. A briga com a fera é feia, e deixa marcas. Mas ela acaba virando um bichinho.

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