quarta-feira, 30 de junho de 2010



Achei que conhecia alguém assim, e conheço mesmo, mas sou igual, e agora mesmo estou lá, 1000 miles away. A música é auto-explicativa, quem se enxergar, encontre comigo lá.

segunda-feira, 28 de junho de 2010



Eu não quero a simplicidade. O óbvio não me agrada. Small talk me cansa. Eu não falo de generalidades. A minha profundidade é um abismo onde não se vê o fundo. Eu não falo só por educação, meu silêncio não me incomoda, mas grita para os outros. Existe muito mais além do ruído que parece se elevar das casas, das ruas, entre as luzes ao cair da noite, alguma coisa se insinua além e é isso que eu busco, é aquilo que eu sei que sinto e não sei definir como, eu apenas sei. Eu não troco receitas, não comento a novela, não frequento as reuniões que nada me acrescentam. Eu sou insuportável, intragável e irascível, mas só quando eu quero. Na maior parte do tempo eu sou socialmente aceitável, mas a doçura eu guardo para poucos e bons. O que me fascina é a complexidade do mundo, as teorias não comprovadas, os abusos de poder pessoal, a empáfia, o passo à frente. Eu gosto de ser do contra só pelo prazer puro da coisa em si, às vezes é até automático, os meus argumentos são desconcertantes. Eu gosto de chocar, surpreender, desmascarar, desarmar, e às vezes também de magoar. E de vingança. Os meus monstros vivem no sótão, mas eles têm uma janela para o mundo e ficam à espreita. Eu não pego atalhos e não experimento sistemas, métodos e diretrizes para descomplicar. Eu faço o que quero e como quero e na hora que eu bem entender, apesar de algumas vezes não parecer, é só olhar bem de perto. Eu não desisto facilmente, poucas são as coisas que me entusiasmam, e quase nada me espanta. Eu tiro recursos de onde se vê apenas deserto. Eu não me deixo levar, eu questiono, eu desrespeito, e se for necessário corto cabeças. Tudo isso dá um trabalho imenso, uma canseira incomensurável, mas é uma escolha feita há muito, muito tempo. E sem volta. A gente não des-aprende, não des-ama, não des-sabe, não des-existe. E a outra opção era tão mais simples, mas eu nem sabia que ela existia. Eu quero os que fizeram a mesma opção que eu, mas alguns passaram na fila do medo duas vezes. Venha, vamos pular, eu seguro sua mão.

Mache die Dinge so einfach wie möglich - aber nicht einfacher.
Albert Einstein


E não é que ela canta mesmo? E eu que pensava que o emprego dela era primeira dama.

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux


Nessa minha relação de amor e ódio com o tempo, só faltava mesmo acusá-lo de murchar as minhas rosas. E continuo sem saber o que fazer com ele, não sei a cara dele, não sei como ele se comporta, mas ele me leva contra a minha vontade a lugares que eu também não sei quais são, na verdade nem sei se já cheguei ou ainda não. Eu não o vejo mas ele deixa em mim sinais que vejo todos os dias, tenho que respeitá-lo ainda que não goste, e tento enganá-lo relativizando-o. E no entanto as rosas murcham mesmo assim.

domingo, 27 de junho de 2010



Ele é melhor que o original, porque o tom e as expressões dele mostram que realmente ele acredita nisso, é assistir, entrar e viajar.

E eu continuo perguntando.

Why do you have to be so good?

O tempo, ele de novo



E o tempo continua perseguindo o meu pensamento. A sucessão de dias e acontecimentos e pessoas que tento pôr na moldura para ver se alguma coisa faz sentido em vez de organizar me deixa ainda mais perdida. Eu que trabalho com os prazos sempre no meu encalço há tantos anos ainda não fiz as pazes com o tempo. Como saber quando ainda não chegou o momento e quando é tarde demais? O que fazer se o que é leve para mim o outro não pode suportar? Como pedir perdão pelas coisas que nem sei que fiz? Quando passou da hora? Quando foi que eu me precipitei? Em que lugar do mundo agora o sol já se foi e em que outra parte ele ainda não chegou? Onde está a pino? O que são quarenta semanas para nascer e quarenta anos atravessando o deserto em busca da terra prometida? E em quarenta segundos uma frase mal colocada muda tudo.
Sentir a perseguição do tempo é surreal, porque afinal ele talvez nem exista. A elasticidade dessa ideia é perturbadora, o que fazer com ela é enlouquecedor. Assim como olhar o tempo passar e a poeira ir se acumulando em cima daquilo que mais desejo. Os dias vão ficando longe, vão se perdendo na memória, as interrogações vão se acumulando e amanhã passa a ser uma coisa tão efêmera que parece que nem existe, e talvez nem exista mesmo.
Por que Einstein tinha que revelar o continuum espaço-tempo? Não estava bom sermos meros espectadores de eventos? Agora só porque sei que posso interferir tenho a sensação de ter que fazer alguma coisa. Mas o quê? E principalmente, quando? Quando vou estar na hora certa e no lugar certo? E onde fica isso?
E por que são tantas as variáveis e as coisas mais significativas parecem sempre estar por um fio, eu vivo sempre on the edge, esperando alguma coisa que nem eu sei mais o que é, tentando entender se o meu relógio está atrasado ou adiantado, mas com medo de não perceber que ele parou. Eu queria a velocidade da luz para ver o que de fato se passa, acrescentar precisão nessa visão limitada de quando, quem, onde. Mas o fato é que aqui e agora eu não sei de nada e minha visão de mundo está totalmente míope.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ainda o tempo



Será que se não vivêssemos tanto de passado as coisas seriam mais fáceis? Muita gente diz que deixou o passado para trás, mas é sério mesmo? Quem consegue enterrar o que viveu com as cicatrizes ainda abertas? Ou mesmo quando elas já se fecharam, quem consegue ignorá-las? Existe mesmo uma superação completa de tudo que nos acontece? Tudo mesmo, bom, ruim, sim, porque se é para deixar para trás tem que ser o que é bom também. Viver totalmente no presente, existe isso? I don't think so. É muito bonitinho na teoria e para os desavisados pode soar até profundo, mas é uma profundidade que não resiste a um mergulho. Meu passado fez de mim o que sou hoje, como deixá-lo? Se hoje eu não pensar no que vem amanhã, para que sair da cama? Mas hoje apresenta várias possibilidades, talvez a lição seja abrir os olhos para elas e vivê-las, agora sim, como se não houvesse amanhã.

quinta-feira, 17 de junho de 2010




Acho que descobri o que é crise de meia idade. Só pode ser isso. Eu olho para os lados e não vejo nada que me agrada. Com as amizades e amores, só decepções. Com o passar do tempo a família muda de perspectiva e os papéis começam a se confundir. Muitos dos meus ídolos já morreram, não achei outros. Convicções, poucas. Lutar por elas, estou cansada demais para isso, esse tempo já passou, hoje escolho a dedo as minhas batalhas, que são árduas.

Quando olho para trás não me convenço se o que realizei era o que eu queria mesmo ou se fui só indo com a correnteza e fazendo aquilo que era esperado. Deixei para trás coisas que não me fazem falta nenhuma, o que me faz questionar por quê pareceram tão importantes na época, e qual é a real dimensão da importância de alguma coisa, já que o tempo parece engolir tudo.

Para frente não quero olhar, não sei nem o que fazer comigo hoje, sabe-se lá o que tem para amanhã.

terça-feira, 15 de junho de 2010



For once you have tasted flight you will walk the earth with your eyes turned skywards, for there you have been and there you will long to return.
Leonardo da Vinci


É fato. E a cada dia eu me torno mais seletiva e mais exigente. É o preço de abrir as asas.

sábado, 12 de junho de 2010


I swear all I wanted was sharing.
But suddenly even sharing was too much for you.


sexta-feira, 11 de junho de 2010



If the facts don't fit the theory, change the facts.


A imagem é a óbvia, mas é a minha preferida. A citação é que me deu muito o que pensar. Naturalmente ele era um homem de ciência, mas foi o homem de ciência menos típico ever, essa é só uma das citações que comprova isso. Ciência à parte, se é que isso é possível, sem desconsiderá-la quero deixá-la de lado para pensar aonde isso me levou.

Todos os dias nos engalfinhamos com a realidade, em algumas ocasiões ela é particularmente mais cruel em impor sua presença, independente do que se passa dentro de nós ou ao nosso lado. Está triste? Problema seu, é hora de levantar para ir trabalhar. Alguém de quem você gosta morreu ou está doente? Desculpe, mas o sol vai nascer do mesmo jeito e você vai ter que levantar daí e tomar banho e comer. E assim vai, todos sabemos como a realidade se esmera em continuar sendo, sem ligar a mínima para o nosso estado de espírito.

E aí começa. Talvez então, já que ela é tão inexorável, seja o oposto, o nosso estado de espírito é que se importa com ela. Muito já se disse sobre isso e eu não tenho nada a acrescentar. Mas começa a ficar mais claro o verdadeiro significado. Obviamente fatos não podem ser alterados - por isso chamam-se fatos, se fosse diferente seriam hipóteses. Mas acho que a ideia é outra, dentro dessa mesma mas em outra dimensão, o que por si só já é alterar o fato, e isso é fascinante - ser uma coisa e outra ao mesmo tempo - voilá - a relatividade.

Penso então em várias realidades paralelas coexistindo sem o nosso conhecimento, sim, Matrix, mas ainda cabe aqui o trem de Einstein, cada um na sua realidade, e o tempo se curva àquela que criamos para nós. As possibilidades que se abrem são infinitas. Se um conceito tão arraigado como o tempo afinal de contas pode não ser tão real como parece, o que dizer então de sim / não, cedo / tarde demais, ainda, já, normal / anormal, começo / fim?

Como então usar isso? Se a realidade é mutável onde estão as chaves que abrem essa infinidade de mundos paralelos? Acho que há tantas, religiosas, científicas, filosóficas, mas provavelmente cada um também tem a sua fechadura.

Quero que meus mundos paralelos se cruzem com mundos paralelos que habitam a realidade alternativa que vive dentro da minha cabeça. Ou isso até já está acontecendo, tem alguém aí do outro lado me ouvindo?

quarta-feira, 9 de junho de 2010



You're right, Stayn. It is far better to be feared than loved.


Esta é uma grande verdade. Fui obrigada a concluir que não existe mais no vocabulário de ninguém a palavra respeito. Ou é um conceito tão mudado que não se encaixa mais nos meus parâmetros. Ninguém mais respeita nada, nem família, seja ela aquela que vive na mesma casa, em outras, próxima ou distante, agregados, cunhados e cunhadas que se fossem bons não começavam com essa sílaba; amigos (rá! o que é isso), próximos, antigos, novos; e se estende ainda aos "profissionais" que na minha opinião não têm a menor ideia do que seja isso, prestadores de serviço em geral, desde a empregada que trabalha (?) na minha casa até o médico que supostamente deveria estar preocupado com o meu bem estar e não está, passando por toda sorte de atendentes, profissionais liberais e quebra-galhos que não estão nem aí com ninguém; representantes de religiões, seitas e afins que ou querem impor sua crença ou seus métodos dentro daquela que eu aceito sem imposição; envolvimentos românticos e/ou somente sexuais de toda ordem, marido, namorado, peguete, PA, caso, seja lá o que for; instituições em geral e o governo como um todo em particular; ninguém, absolutamente ninguém respeita p*rr* nenhuma, os telefonemas ficam sem resposta, as reclamações sem providências, os e-mails não respondidos, ficamos esperando horas a fio por alguém ou por uma resposta pelo menos, não é imposição, apenas uma resposta, seja ela qual for, "não" eu consigo entender, nenhuma resposta é total e absoluta falta de consideração, respeito e educação. Ignora-se solenemente o tempo do outro, a necessidade, o compromisso profissional, os acordos, falados ou escritos, a sensibilidade alheia, simplesmente pisa-se na cabeça e no coração das pessoas sem a menor cerimônia.

E então como eu já imaginava, como eu já havia vislumbrado, nada resta a não ser cortar cabeças. É de fato muito melhor gritar para ser ouvida do que falar manso. E estou com a espada em punho.

update: a p*rr* do blog é meu, eu tenho quantos pitis eu quiser aqui e pouco me importo com a opinião de qualquer um que seja sobre os meus chiliques.

domingo, 6 de junho de 2010

Perguntas, perguntas, perguntas




Simplesmente aceitar seria a solução definitiva. As coisas são, as pessoas são, o que vem é o que é, não nos cabe discutir (?) É assim? O que vai aqui? Um ponto final ou uma interrogação, eu queria saber o que se espera que façamos, o que é válido, o que é aceitável, o que dói menos? Alguém tem as instruções, por favor, porque eu nunca consultei o manual, e quando tentei consultar não entendi nada.

A rebeldia é uma canseira infinita, ser do contra dá muito trabalho, um desgaste enorme, um tempo perdido que poderia ser gasto com relevâncias menores, ler o que? Assistir o que? Estudar o que? Para que tanto questionamento se podemos ir ali ao cabeleireiro ouvir as últimas novidades sobre a novela, sobre o cabelo da fulana, sobre o último divórcio da atriz, da briga com o namorado da cantora, oh God, para que Dante, Shakespeare, Sartre, Nietzsche quando se tem Paulo Coelho???

Quando fazemos algumas escolhas na vida lá atrás não temos a menor ideia de onde elas vão levar. Hoje por exemplo se eu não tivesse filha, ia embora já, sei lá para onde, para outro lugar, simplesmente iria. Ou já estaria lá. Se eu não tivesse lido, entendido, discutido e pensado, eu nem teria dúvida de onde queria estar, eu simplesmete estaria feliz onde estivesse, ou com quem, ou sem quem. Mas a uma altura dessas nada disso é reversível.

E por que a superficialidade alheia tem que me incomodar? Por que eu tenho que não me conformar porque o outro está perdendo o que eu queria que ele não perdesse? O que eu tenho a ver com isso? Por que só eu tenho que ouvir as verdades de todo mundo e conviver com elas acatando decisões que não fui eu que tomei e ninguém pode pelo menos ouvir o que eu tenho a dizer?

Por que quando o espaço alheio por outra perspectiva vira o "meu" espaço as mesmas regras não se aplicam?

E por que eu faço tanta pergunta que vai ficar sem resposta? Essa eu sei. É porque simplesmente aceitar seria a solução definitiva. Para alguém. Que não sou eu.