domingo, 27 de junho de 2010

O tempo, ele de novo



E o tempo continua perseguindo o meu pensamento. A sucessão de dias e acontecimentos e pessoas que tento pôr na moldura para ver se alguma coisa faz sentido em vez de organizar me deixa ainda mais perdida. Eu que trabalho com os prazos sempre no meu encalço há tantos anos ainda não fiz as pazes com o tempo. Como saber quando ainda não chegou o momento e quando é tarde demais? O que fazer se o que é leve para mim o outro não pode suportar? Como pedir perdão pelas coisas que nem sei que fiz? Quando passou da hora? Quando foi que eu me precipitei? Em que lugar do mundo agora o sol já se foi e em que outra parte ele ainda não chegou? Onde está a pino? O que são quarenta semanas para nascer e quarenta anos atravessando o deserto em busca da terra prometida? E em quarenta segundos uma frase mal colocada muda tudo.
Sentir a perseguição do tempo é surreal, porque afinal ele talvez nem exista. A elasticidade dessa ideia é perturbadora, o que fazer com ela é enlouquecedor. Assim como olhar o tempo passar e a poeira ir se acumulando em cima daquilo que mais desejo. Os dias vão ficando longe, vão se perdendo na memória, as interrogações vão se acumulando e amanhã passa a ser uma coisa tão efêmera que parece que nem existe, e talvez nem exista mesmo.
Por que Einstein tinha que revelar o continuum espaço-tempo? Não estava bom sermos meros espectadores de eventos? Agora só porque sei que posso interferir tenho a sensação de ter que fazer alguma coisa. Mas o quê? E principalmente, quando? Quando vou estar na hora certa e no lugar certo? E onde fica isso?
E por que são tantas as variáveis e as coisas mais significativas parecem sempre estar por um fio, eu vivo sempre on the edge, esperando alguma coisa que nem eu sei mais o que é, tentando entender se o meu relógio está atrasado ou adiantado, mas com medo de não perceber que ele parou. Eu queria a velocidade da luz para ver o que de fato se passa, acrescentar precisão nessa visão limitada de quando, quem, onde. Mas o fato é que aqui e agora eu não sei de nada e minha visão de mundo está totalmente míope.

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